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sábado, 28 de junho de 2014

"E se" VIVER for o que há de melhor a ser feito!

Ela nunca pensou tanto numa expressão quanto nos últimos meses: "e se...".
Quando tudo conspira para caminhar bem. Quando os filhos estão bem. Quando a vida afetiva está em ordem. Quando a própria saúde está estável e mesmo assim, ainda assim, essa forte sensação de que tudo desmorone a qualquer tempo.
Um medo! Um pavor de que algo possa dar errado! Novamente: "e se...".
Procura, numa busca alucinante em sua mente inquieta uma resposta para este temor. Por vezes dá a esta sensação o nome de insegurança, o que é perfeitamente natural. Afinal, tantos foram os anos nos quais a única manifestação real era uma lenta e persistente s o l i d ã o. É normal que, à medida em que a vida entre numa certa organização não saibamos o que fazer com as mãos que nos sobram. É perfeitamente aceitável que ela não saiba o que fazer com essa tal felicidade, já tão pouco esperada e quase esquecida lá nas suas memórias. 
Dentro dela uma tempestade, com raios, trovões e inquietações. Uma descrença real que ela possa estar tão bem e feliz. Alguns podem achar isso insanidade, falta do que fazer. Enquanto tanta gente torce para acordar um terço tão bem, ela ali, mostrando-se frágil e com tantas angústias desnecessárias. Sim, concordo, insano, talvez!
O que fazer com esse medo de estragar tudo? Com essa insegurança e esse pensamento de que todo esse contentamento pode-lhe escapar como areia fina entre os dedos? Porque esse sentimento de não merecer ser ou estar feliz?
Perguntas sem respostas. Respostas que não conferem a ela uma carteira de "fim da terapia", alta por estar bem resolvida. Nada dessa conversa de bem resolvida. Há quem pense que lhe falte Deus. Ela prefere pensar que é Ele que a mantêm de pé todos os dias. E não se acanha em recorrer a Ele quando precisa se fortalecer em Fé e agradecer por todas as graças recebidas.
Ela tem passado dias demais pensando "e se..." e esta inquietação tem criado dentro de si uma forte insegurança e há que se tomar um delicado cuidado para que todo este sentimento não se transforme em desesperança, porque aí sim seria caso para um longo tratamento da alma.
Óbvio que a possibilidade de recomeçar sua vida lhe cause estranheza e medo, porque, embora ela ainda não reconheça e entenda que realmente mereça seguir em frente, haverá sempre um amanhecer ensolarado que a fará abrir os olhos e perceber que tem todo o direito e também o dever de deixar os macios e coloridos raios desse sol carinhoso inundar sua pele, sua mente e sua alma permitindo-se ser feliz, sem medos, sem insegurança, sem angústias,
Simplesmente deixando-se VIVER.

Por San Carvalho
junho/2014



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

De Volta a mim mesma.

Ando afastada dos meus textos, das minhas leituras. Atarefada demais com a vida cotidiana e sem muito tempo e nenhuma inspiração para escrever.
O calor que fez nos últimos dois meses me deixou exausta fisicamente e me tirou o apetite. Lamento ter sido somente o apetite para digitar, porque aquele outro, este pelo contrário, aumentou. Ganhei notáveis 8 quilos ou pior, perdi a silhueta do manequim 36. Enfim, filhas crescendo, fazendo novas trajetórias, a vida tomando novos rumos e seguindo seu curso natural.
Hoje, alguns motivos me fizeram logar no blog e voltar a escrever: os termômetros, que finalmente estão em temperaturas suportáveis; a chuva, que voltou a cair soberana e necessária lá fora e, por último e mais importante e inspirador: um certo incômodo na alma.
Passei o dia de hoje com uma tempestade dentro de mim maior que a que cai neste instante lá fora. Me sinto incomodada por não conseguir falar sobre o que sinto com as pessoas. TPM poderia simplificar a explicação, mas seria minimizar demais os sentimentos e, particularmente me sinto incomodada por não me fazer entender. 
Ocorre que, por querer ser sempre correta, eu procuro o tempo todo achar soluções para que minha felicidade não seja construída sobre a areia. Não sou mais uma jovem, que pode pensar a logo prazo e deixar as coisas acontecerem com o balançar do barco. Fui criada escutando que o que é certo é certo e não existe o tal "meio certo". Essa minha mania de ter minha vida organizada anda me deixando com um desassossego na alma.
Esse incômodo se traduz numa dificuldade de me expressar sem magoar, sem que meus argumentos causem dor ou sejam mal interpretados. Confesso que estou com dificuldade em ser escutada, talvez mais que em ser ouvida. Afinal, ouvir é fácil, escutar é complicado.
Nesse instante em que escrevo também consigo organizar meu avesso para que não se crie um monstro indestrutível dentro de mim. Escrever funciona como um organizador dos meus pensamentos e diminui minha tempestade interna. 

Falo especificamente de um momento íntimo meu, de uma vivência real e rotineira. Falo ainda de como vamos adquirindo ao longo do tempo uma certa dificuldade em lidar com o outro. Vamos perdendo a intimidade e nos distanciando do que deve ser dito, do toque, do afeto, do olho no olho, da honestidade (mais que da sinceridade). Falo do quanto nos tornamos crus e duros com quem deveríamos tratar com ternura. 
Eu, de minha parte, penso que escrever me trás de volta a humanidade que as vezes me escapa por entre os dedos. Escrever me recoloca no lugar, me faz olhar novamente a vida sem pressa e foca minha atenção no outro e por vezes, em mim mesma.

Por San Carvalho