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domingo, 27 de novembro de 2011

Uma de minhas paixões: Adélia Prado. Ela me faz rir e chorar de emoção. Desperta em mim uma sensibilidade incomum:

AMOR FEINHO

"Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho."
Adélia Prado

Um poema de Drummond que resume meu jeito de ser.


DESEJOS


Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
... Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 20 de novembro de 2011

Aos meus amigos

Quando eu era criança até a pré-adolescência e algo acontecia, fosse um acontecimento bom, muito bom, ruim, ou simplesmente incômodo eu tinha o hábito de escrever. Não era bem um diário, porque nunca tive disciplina suficiente para diários. Hoje em dia têm por aí os tais blog´s (bem se vê que escrevi este texto faz tempo). É, mas embora esteja em contato diariamente com essas máquinas, ainda sou bastante resistente com os novos tempos, até porque tenho uma predisposição incrível a ser uma mulher “retrô” e gosto disso em mim. Conserva minhas raízes interioranas, da roça messs sabe!
Hoje não mantenho mais esse hábito, talvez pela correria do dia a dia, ou talvez pelo talento que tenho para a preguiça e, com o tempo descobri que não há necessidade de escrever quando se tem um bom amigo próximo disposto a ouvir. Um dia desses uma grande amiga me disse exatamente isso: “se tens algo a dizer, seja lá o que for, diga, “vomite”, porque muitas causas de enfermidades vocais (foi mais ou menos isso que ela disse) estão ligadas ao fato de não se conseguir falar o que se tem guardado, doidinho para sair. Enfim, não foi para falar de enfermidades, nem de minha infância que resolvi escrever. Foi para falar de acolhimento, amizade, amor e, principalmente de relações humanas. Como tenho verdadeira paixão por crônicas, diga-se: as bem escritas, tinha que iniciar esse texto de forma que ele acabasse se assemelhando (aí entra minha “modéstia”) com uma “humilde” crônica. Me conhecendo bem, demais da conta até, acho mesmo é que isso vai virar é um falatório só. Então vamos ao que interessa:

Café, Conversa e Carinho .
Um dia desses visitando a casa de amigos muito queridos, amados mesmo!!! Uma família que me acolheu como se eu fosse um dos seus. Pois bem, durante a visita observei o quanto pude aprender e, porque não dizer, ensinar também a alguns membros, digo “alguns membros”, porque naquela família existem pessoas tão sábias que seria muita pretensão minha achar que teria algo a ensinar a elas. Foi uma visita curta, mas duradoura o suficiente para observar o quanto muita coisa nessa vida é só uma questão de aprendizado (desde que, é claro, estejamos abertos a isso), como me ensinou uma outra grande amiga. O mais engraçado é que nesse exato momento utilizo-me muito desse recurso. Aquilo que não sei, procuro saber, aquilo que não entendo, procuro entender e assim vou tentando aprender de tudo um pouco, mesmo que não tenha organização de idéias, nem de vida para detectar se está dando certo. O importante é continuar girando a maravilhosa manivela da vida. Óbvio que ficar acomodado é sempre mais confortável, mas se vale um conselho, mesmo aos mais resistentes e céticos: o resultado é tão bom que vale a pena tentar modificar, mesmo que por pouco tempo, o modo de vida e/ou de pensar só pra experimentar a sensação e não se arrepender de não ter tentado.
Eu estava ali naquela casa tão familiar, existia na atmosfera um clima de acolhimento tão intenso que não dava vontade de me despedir. Essas pessoas são pessoas simples, simples como eu, de vida e hábitos simples. Gente com quem faço questão absoluta de compartilhar meu carinho, meu amor, meu afeto, minha vida. Gosto, reconheci já um tantinho tarde o quanto gosto de pessoas assim! Pessoas que se sentam à mesa comigo, me oferecem a garrafa de café e não se importam com a quantidade de vezes que a abro e fecho para me servir. Não se preocupam se o visitante está incomodado com qualquer objeto fora do lugar ou se a arrumação da casa está em dia. Durante o tempo em que ali estive falamos de família, saúde, saudade, espiritualidade e ora sim, ora não, de futilidades também, porque não?!! É esse o direito que se conquista quando se faz amigos do tipo AMIGO de verdade, com quem podemos contar na hora da dor, na hora do riso e na hora do ócio também. Posso adiantar que saí desse encontro renovada em minhas energias.
A acolhida

Um dos membros dessa família me deixou surpresa pela receptividade carinhosa com que me acolheu, o que não seria habitual de sua personalidade em outros tempos. Me recebeu com um semi-abraço (perfeitamente compreensível). Me deu um beijo fraterno e me convidou a sentar enquanto preparou um café (bebida a qual sabe ser minha predileta). Me disse que tem feito isto com frequência aos familiares, pois aprendeu comigo que receber gente querida com uma mesa posta também é uma forma de carinho, no que concordo plenamente, pois minha própria chegada surpresa àquela casa foi um gesto de carinho de minha parte. Afinal, carinho não é só afago, são gestos e atitudes que visam o bem-estar do outro. (Parece tão óbvio, mas acredite, tem gente que nem imagina do que estou falando). Ouso discordar desse meu “amigo” somente no ponto em que ele diz ter aprendido comigo. Não, não foi comigo. Foi com sua vontade evoluir observando uma família, no caso a minha, onde havia muito empenho e necessidade de se ter um lar com harmonia e paz. Nesses momentos sei que ele sentiu o Espírito Santo presente entre nós. No convívio com minha família ele também observou muitos movimentos, assim como todas as outras rotinas domésticas. Percebeu ainda que as relações humanas são complexas e que as pessoas são falhas, em alguns momentos deixando nus defeitos não muito agradáveis, como por exemplo: meu temperamento não muito fácil.

Pequenos Grandes Gestos
(Esse poderia se chamar “Fazendo Fofoca”)

Contrariando, mas não discordando de Mário Quintana:
  • visita surpresa regada a café, carinho e conversa com amigos não pesa com a presença.
  • Receber flores colhidas do próprio jardim de gente até então estranhas e que gostam da gente de graça, sem esperar nada em troca, esperando somente que com esse gesto de carinho a natureza faça sua parte retribuindo com a renovação das roseiras.
  • (Ainda a pouco falei de amigos que te acolhem sem se importar se você vai reparar na arrumação da casa.) Amigos também estão nos esperando para uma prosa com chinelos de dedos e meias nos pés, sabendo que isso pra você não faz a menor diferença, que o que importa mesmo é o abraço fraterno.
  • E o carinho de improvisar? Um delicioso alimento com tomate e um molho que ainda não tem um nome (precisamos patentear), porque de repente se descobriu que a amiga recém adquirida é uma fresca e não come o camarão, nem mesmo o lombo que já estão todinhos preparados para o jantar (que Deus não os faça se arrependerem). Fala sério! É ou não é um incrível “pequeno grande gesto”!
  • E o presente de aniversário que chega uma semana depois? Deixando os amigos sem-graça e angustiados pela demora, mas que quando chega vem personalizado com um belo e cheirosos entregador! Fora que o presente foi muito bem escolhido pelo amigo mais “modesto” de todos!
  • Tem a noite com roda de música em Campos do Jordão, que segue em claro em volta da lareira, com choro, risos e bobagens (nesse caso um sempre falando mais que o outro) e termina amanhecendo com um frio desgramado de 5 graus.
  • Posso ainda contar de uma pizza num sábado à noite e de um bolo “comprado” e feito a quatro mãos, tomando uma taça de vinho (até não tão saboroso!) comprado com tanto carinho e principalmente pela beleza roxa do invólucro da rolha. Ver e rever fotos que contam uma história de vida e ainda encerrar esta leve e saborosa noite recebendo um elogio ao seu cabelo e um beijo (não de graça) de uma figura totalmente fora do contexto.
  • Tem também a aterrizagem de pantufa, pijama e bagagens genéticas à meia noite (ou quase isso), com uma panela de sopa fervente no portão só para olhar alguém nos olhos e ter a certeza de que ela está mesmo bem.
  • Não esquecendo nunca das singelas mensagens de texto via celulares.
  • E a entrega de pequenos bilhetes interrompendo o trabalho? Ou chegar ao trabalho com um post-it escrito “boas vindas” ou “eu te adoro” ou ainda “você é especial”.
Me perdoe Martha Medeiros e Quintana, mas ao contrário, isso não pesa, não incomoda, isso eleva a alma e nos causa um bem-estar que até dói.

É desnecessário dizer, mas já que estou “me achando” digo: não sou tudo isso, meus amigos não são tudo isso, o ser humano não é tudo isso. Já disse antes que muitas coisas na vida é uma questão de aprendizado. Temos a escolha de querer aprender, de nos lapidar e de ficarmos um tantinho melhores. Sabe de uma coisa? Esses pequenos grandes gestos, assim, em pequenas doses são atitudes nobres e perfeitamente cabíveis para se conquistar ou reconquistar gente querida. São atitudes assim que eu entendo como Delicadeza de Deus. É Ele se fazendo presente em nossas vidas, com a certeza que nos tornaremos melhores do que somos.
Em tempo: Me perdoe alguns amigos que aqui não identificaram seus momentos de carinho comigo, mas minha memória de peixe de aquário me impede de lembrar de todos, o que é, de certa forma, saudável, porque tornaria este texto interminável. Aos que se identificaram com algum destes gestos não preciso mais dizer o quanto me sinto honrada pelo acréscimo de cada um na minha vida. Eles, um por um, sabem o quanto os amo e o quanto sou grata por tê-los em minha vida.


San Carvalho.
junho/2010.

Para Gigia e Doda



Tenho uma certa facilidade para escrever, mas se existe algo que consegue me travar é quando preciso falar de minhas filhas. Ainda não tinha parado para fazer um texto sobre elas até hoje por dois motivos principais: covardia e insegurança. Sempre que pensava em sentar (e isto está acontecendo comigo nesse exato momento), ficava com a forte sensação que, por mais que eu organizasse as ideias para falar sobre Giovana e Isadora nunca poderia dimensionar o que elas de verdade significam na minha vida. Tentei por várias vezes e sempre recuava e não escrevia. Tenho a impressão que serei injusta ou que serei excessiva nos comentários. Então, tomando o cuidado de pedir desculpas a elas caso eu me exceda ou caso eu seja falha, vamos lá. Resolvi falar separadamente sobre cada uma. Assim posso me desamarrar e seguir em frente.
Giovana, ah essa menina! Que também conhecemos aqui em casa por Gigia. Hoje já pré-adolescente. Desde muito cedo foi uma menina meiga, inteligente e companheira. Dentro de um contexto familiar que foi modificado já após o seu nascimento, ouso dizer que algumas decisões foram tomadas em acordo com ela, mesmo sendo muito pequena. A vida seguiu por uma rua que nos mostrou uma encruzilhada e eu tinha que me decidir por qual via seguir. Só tomei algumas atitudes depois de conversar e consultá-la. Óbvio que decisões importantes não podem ser colocadas sobre uma criança, seja de que idade for, mas foi conversando com minha filha mais velha que eu pude entender que tinha em casa uma menina muito esperta e que fosse qual fosse o caminho que escolhesse, sempre poderia contar com ela e que a forma como ela sempre me olhou diretamente nos olhos me dava segurança para isto. Temos nossos momentos de desentendimentos entre mãe e filha, que são comuns. Sei que toda criança na fase em que ela está precisa descobrir o mundo e o meu respaldo e olhar de mãe-leoa, muitas vezes, é um pouco exagerado. Confesso que eu não sabia que teria tanta dificuldade em lidar com essa fase, mas admito minha fragilidade diante da incerteza que bate na criação de uma pré-adolescente. Aos poucos, com a ajuda da própria Giovana estou seguindo em frente. O que posso dizer sobre Gigia? É uma filha que joguei a forma em cima, aparei rebarbas e sobrou essa maravilhosa pessoa, que cada dia mais eu aprendo a ver como pessoa, antes de enxergar como filha. Gigia é meu Amor Eterno.
Isadora, nossa jabuticaba (por causa de olhos enormes e negros), também conhecida como Doda aqui em casa. Bem, falar de Doda é extremamente complicado, porque essa minha caçula é simplesmente indescritível. Ela nasceu já no momento de transição de vida. O conceito que ela tem de família é totalmente diferente que o da irmã, pois nasceu numa família composta de mãe e irmã. Eu já tinha feito a escolha naquela encruzilhada e ela veio como se Deus quisesse me presentear. Dona de um humor oscilante, que varia entre o “amarrar o burro” e na maior parte do tempo entre piadas, cantorias, assobios e tiragens (muito parecida com meu pai, que ela não conheceu, porque ele se foi antes mesmo de Gigia nascer). Impossível sentar à mesa para fazer qualquer refeição sem sair com dor de barriga de tanto que ela nos faz rir. De personalidade forte, faz suas próprias escolhas no que diz respeito às suas relações de amizades. Nunca ou quase nunca me deixa “colocar a colher” no meio. Tem um jeito de se vestir muito a seu estilo (quase sempre bem moleca), mas de vez em quando eu e sua irmã nos deparamos com uma Barbie andando pela casa de coroa, varinha de condão e pantufa no pé. É uma criança saudável, que gosta de brincar cada dia com um brinquedo diferente. As vezes o silêncio impera pela casa. Procuramos por ela e está metida no seu quarto brincando com seus amigos invisíveis. Ela se mete nos meus textos. Agora mesmo enquanto escrevo ela está aqui corrigindo o fechamento das aspas. Lê com melhor desenvoltura que eu e escreve produções de texto desde os cinco anos. Adora estudar, mas tem uma preferência pelas aulas de arte e vive criando. Sua perseverança causa inveja. Passou uns dois anos me pedido para colocá-la para nadar e eu, o mesmo tempo enrolando. Resolvi, num belo dia, atender seu pedido e ela saiu como um girino pela água. Quase infartei. Em tudo que ela se mete ela se destaca (parece exagero de mãe. Percebe minha covardia citada acima?). O mestre de capoeira vive enchendo a bola dela. Doda herdou da mãe a timidez e quando precisa se expor em público trava. É incrível! Doda é meu presente de Deus.
Enfim, acho que consegui finalmente falar das minhas filhas. Claro que se estivesse escrevendo no papel ele estaria molhado a esta hora, tamanha é a baba por elas. Ainda tenho muito a dizer sobre ambas, mas se pudesse resumir em uma palavra o que é ser mãe de Giovana e Isadora, esta palavra seria: REALIZAÇÃO.

San Carvalho
Outubro/2011

Relações Fantasmas

Não sei se ando sem tempo, com preguiça ou com ideias demais borbulhando na minha cabeça. Ainda não defini bem ou talvez sejam as três coisas ao mesmo tempo. Sei que faz alguns dias que estou doida para sentar e escrever um monte de coisas, mas por algum ou por todos estes motivos não tinha conseguido fazê-lo.
Durante algumas conversas com amigas mais próximas cheguei a conclusão que está se inaugurando nesses novos tempos tão contemporâneos, até demais para meu gosto, diga-se de passagem, um novo tipo de relação, que eu nomeio de “relação fantasma”. O que seria essa nova, confortável, mas para algumas mulheres, incômoda modalidade de relacionamento? Ora minha gente, se você ainda não viveu uma dessas é porque é jovem demais para ter chegado lá ou porque está estabilizado o suficiente emocionalmente, mas é provável que ainda aconteça com você.
Duas pessoas se conhecem, trocam telefones. Pode ser numa fila de validação de ticket de estacionamento, pode ser numa lanchonete ou num momento de lazer qualquer. Ambos se interessam um pelo outro. Tudo fica mágico. Inicia-se uma paquera digna de letra de música sertaneja. Até aí nada de errado. E de errado talvez não tenha mesmo nada. Mensagens nos celulares, jantares, passeios, noites e noites vão se passando. Meses até. O que não se define nesse tempo todo é o nome dessa conversa. Entre tantos encontros não se fala em nenhum momento no significado do que existe entre ambos. Este é o que eu costumo chamar de “relacionamento fantasma”. Confortável para alguns homens, que não querem se comprometer seja lá porque motivo for, mas muito incômodo para suas parceiras. Percebo um certo ar de retrospectiva na moda, no comportamento e até na vontade de algumas mulheres em se relacionarem. Está na moda querer namorar. Só não avisaram para esses, digamos, desentendidos homens, que vão deixando o tempo passar enrolando essas mulheres. Meu conselho, se é que isso seja possível ou válido? Caiam fora meninas! Não queiram para vocês uma relação dessas, porque o tempo passa depressa demais. A vida é muito intensa e você é mais que isso. Você não pode ser desconsiderada desse jeito. Não se deixe transformar numa pessoa disponível a um indivíduo que só tem tempo e delicadeza para você quando bem lhe convier.
É fácil para mim sentar aqui e teorizar sobre algo que está acontecendo com você nesse exato momento. Não, não é fácil não. Até porque eu costumo escrever sempre sobre o que observo, sobre o que penso, mas sobretudo sobre o que vivo ou já vivi. Não é fácil, nem simples dizer que queremos ser amadas, cuidadas, mesmo sendo mulheres independentes financeiramente, mesmo que sejamos donas de nosso próprio nariz. Isso não confere um cartão ouro/fidelidade a nenhum fulano para que ele ache que só porque não dependemos dele para nada também não queremos andar de mãos dadas, não queremos ser olhadas com carinho, admiração e respeito. Se ficar sem uma companheira foi uma opção dele, então ele que pegue seu boné que a fila vai andar.
Estava lendo Martha Medeiros um dia desses, que fala sobre uma conversa dela durante um almoço com duas amigas, onde elas comentam sentir saudade de beijo em pé. Também sinto saudade de ver pessoas se beijando em pé, que não sejam recém-namorados ou recém-casados. Sim, vamos reivindicar nossos beijos em pé. Se quisermos uma relação contemporânea, mas verdadeira, então que sejamos capazes de dizer não às relações sem nomes, fantasmas e cobremos o beijo em pé de nosso parceiro, seja ele de hoje ou de 20 anos de união.
O importante é que estejamos numa relação onde nos sentimos completadas, inteiras e não um pedaço de alguém. Sejamos mulheres capazes de substituir aquele número no celular por outro, talvez até ousar mandar um sms dizendo: faça-me uma gentileza: me coloque fora da sua lista de pessoas em “desuso” e não tenhamos culpa ao não atender aquela ligação não identificada. Ela pode ser de um fantasma.

San carvalho
Novembro/2011.


Cotidiano

Rostos na multidão, vidas peculiares, sofrimentos singulares.

Faz tempo que não ando inspirada para escrever. É meu talento para a preguiça falando mais alto que minha vontade pouco talentosa para a escrita. O fato é que hoje quando vinha para casa, olhando a cidade, observando as pessoas no trânsito, as músicas tocadas nos seus carros (inclua-se aí o meu), percebendo gente com vidas que no fim das contas só querem chegar em suas casas, seguir suas rotinas domésticas. Alguns pensando em relaxar, abrir uma cerveja, outros pensando na segunda jornada, com filhos, maridos, família, outros ainda com o pensamento em ter que chegar e sair novamente para estudar, cuidar de sua formação, sua graduação, suas pós, ou qualquer outro curso que tenha planejado e esteja fazendo.
Na verdade a inspiração veio do barulho, tanto das melodias dos carros, como dos ruídos de tudo o que havia em volta, das caretas que um ou outro fazia. Pensei em cada uma daquelas pessoas, do quanto suas vidas lhes é singular, do quanto cada uma delas (inclua-se novamente eu) se acham o centro do universo, mas que na verdade, de verdade mesmo, nem pensamos, nem paramos para refletir, nem estamos afim de fato de sabermos que existe vida além dos milímetros que separa nossas peles do mundo lá fora. O que esse pequeno percusso do trabalho até minha casa me fez pensar, nossa! como eu penso! Como diria uma certa Emília, de um famoso escritor, quando penso, penso bem pensado!!! Bem, não me desviando muito do assunto, embora isso me seja quase impossível, fiquei imaginado o que cada uma daquelas caras e caretas queriam sinalizar. Me ocorreu que nos dias atuais tudo está muito desconfigurado. Houve um tempo em que as pessoas riam e sorriam mais. O sofrimento nas faces está cada dia mais óbvio, mais cristalizado, como se fosse parte do corpo, como se fosse um órgão a mais recém-adquirido. Como as pessoas, mesmo aquelas de aparência mais favorecida estão transparentes e tristes! Rostos expressando uma dor que não se sabe, talvez nem mesmo elas, de onde vem. Olhares distantes, na linha do horizonte, exagero né, mas não é. Basta observar com calma. Olhar a vida sem pressa, como disse um escritor um dia desses, e veremos. Este mesmo escritor disse também em outra oportunidade mais ou menos assim: “quando o sofrimento bate à sua porta, deixe-o entrar. Deixe que ele venha ao seu encontro, porque somente quando nos encontramos com ele, o encaramos de frente é que teremos a oportunidade de o colocarmos para fora de nossas casas e de nossas vidas”. Eu, enquanto observava as tais cenas cotidianas lembrei dessa fala e pude concluir o que eu realmente penso sobre SOFRIMENTO. Gente, sofrimento é altamente positivo, quando não nos colocamos na posição vitimizada, quando não corremos para o colo da mamãe, do papai ou de quem quer que seja para chorar rios de lágrimas. Choremos sim, mas o necessário para lavar e finalmente elevar a alma. Sejamos capaz de frente para o “todo poderoso sofrimento”, assim mesmo, tete-a-tete, olho no olho, cartas na mesa e, quando fazemos isso temos não só a oportunidade de crescermos, de amadurecermos, de evoluirmos, mas de percebermos que somos mais, somos maiores que o motivo. Ouso dizer que, se dispostos e encorajados, reduzimos a pó o que até aquele momento era um monstro, dos mais horríveis, ANO/MODELO noturno, sabe? Do tipo que nos atormenta.
É claro que não estou dizendo que nada mais na vida nos causará dor, que nada nos abalará. Imagina! Se somos possuidores de almas, claro! É natural que passemos por muitos percalços ao longo de nossa existência, mas fica tudo muito mais fácil se não dermos o nº 38 ao manequim tamanho 44.
Agora a pergunta que não quer calar: o kiko? (inevitável usar meu humor apimentado e semi-negro). De minha parte o que tenho com isso, com as pessoas, os rostos angustiados numa cidade de 600 mil habitantes? Bem, de fato nada. Somente a possibilidade de manifestar a inquietação que há dentro de minha mente observadora e de meu coração humanizado. Um jeito de ser considerado por muita gente sonhador e cafona. É esse meu jeito de ser que tem com isso o fato de não querer passar desapercebido pelas pessoas, sem notar um cotidiano cada vez mais entristecido, sem humor, sem tantas esperanças como nos meus tempos de criança.

San Carvalho.
Novembro/2010


Instabilidade Emocional

Um dia desses estava lendo algo sobre instabilidade emocional e sobre como as pessoas que possuem essa característica são incompletas, incapazes de amar e, porque não dizer, infelizes. Fiquei pensando: que coisa cruel, capaz de atingir tão avassaladoramente não só o indivíduo, mas irradia, respinga em todos que estejam à sua volta, provocando um rastro de angústias e dores. Não que eu domine o assunto e talvez por esta razão existem tantos consultórios de psicologia cheios e tantos livros de auto-ajuda deixando escritores no top-ten dos mais lidos.

Confesso que não me aprofundei na pesquisa, porque de certa forma esse assunto mexe comigo no sentido pessoal. Quem nunca passou por algum relacionamento, seja afetivo, profissional ou de outra ordem que ficou mal resolvido, muitas vezes porque uma das partes não era suficientemente madura para, de verdade, compor este relacionamento? Como diz muito bem um dos livros de Marcelo Puglia: “Me apaixonei por um idiota”. Claro que sim! Eu já. E o fato de admitir isso não me faz assinar recibo de otária, pelo contrário, me torna mais consciente de minhas fragilidades e possibilidades de erro. Príncipe Charles, futuro rei da Inglaterra está aí para nos esfregar na cara a escolha feita a favor do sapo e não da princesa (deixo aqui registrado meu respeito e admiração pessoal e por todos os projetos sociais e humanitários nos quais estava envolvida a falecida princesa), mas convenhamos, sendo Vossa Alteza emocionalmente instável estava na cara que não daria conta de um casamento com um ser humano tão complexo, sobrecarregado de responsabilidades, cheio de angústias e sufocado pelo preconceito, como de fato era Lady Dayane. Angústia vinda do próprio tormento de ser uma princesa plebeia e da imaturidade de Charles em não assumir um amor que já existia antes mesmo dela entrar em cena. Tendo vivido nos tempos atuais alguns autores consagrados como Camilo Castelo Branco talvez nem fossem assim tão consagrados, visto que o AMOR DE PERDIÇÃO estava aos nossos olhos no horário nobre do Jornal Nacional.

Deveria haver uma disciplina no colégio em que se ensinasse, no sentido mais pedagógico possível, a não dar corda a quem não consegue nem fazer um nó nela para se enforcar. Talvez fosse preciso um mestre ou um doutor especializado no assunto, porque um simples educador talvez não desse conta da matéria. Deveriam ensinar que, haverá inevitavelmente ao longo de nossa vida, sempre um fulano com um tom embargado na voz e com total capacidade e competência de olhar direto nos seus olhos e dizer: eu te amo. você é a mulher e/ou homem da minha vida. Não consigo entender minha vida sem você. Quero fazer diferente dessa vez. Quero preencher todo o espaço que há para suprir sua carência, seus desejos (como se a gente precisasse mesmo de alguém para fazer isto!). Enfim, o cara-de-pau é tão convincente, que não se consegue falar um simples “não, não quero mais isso para mim, encerrei, já deu, passei do meu limite com você, vou fazer a fila andar, porque você já virou personagem de uma novela para assistir no Vale a Pena Ver de Novo.”

O tempo vai passando, a ficha demorando para cair, afinal esses indivíduos são teatrais, atores de primeiro escalão, dignos de ganhar um Oscar, nada canastrões. Pessoas assim amam tanto a si mesmo, ao ponto de, se possível fosse, transar consigo próprio. Como então vai ter espaço na sua vida para amar a mais alguém? Eles nem sequer tomam conhecimento da existência de outras pessoas no mundo! Pessoas feitas da mesma matéria. É triste a constatação, talvez até cruel e radical demais, mas o mundo está cheio desses fulanos.

O importante mesmo é que chega o dia em finalmente a ficha cai e cai com todo o peso junto, com todas as mentiras, com todas as embromações, com todas a falsas caras e bocas e falsas lágrimas. O pano do teatro desce e por traz da cortina sobra somente e solitariamente o ator, sem os poderes de super-herói tão envolventes e sedutores que domina o outro. Pronto, acabou mais uma história. Não sem arranhões, sem respingos, mas a parte madura sobrevive, se recupera, renasce das cinzas e segue em frente.

Quanto ao indivíduo, ao fulano, aquele incapaz de amadurecer. Bem, esse também segue para uma próxima jornada em torno do seu próprio umbigo fazendo aqui e ali mais uma vítima desavisada ou avisada, mas carente, que só será mais uma bela presa, um troféu no extenso cardápio, já condenada a viver o papel de coadjuvante em mais uma história da princesa e plebeu, ou da dama e o vagabundo, enfim. É sério gente, como dizem por aí: “ninguém passa pelo outro as amarguras que ele tem que passar não é?

Lamentavelmente, a toda esta inconstância emocional só posso render minha compaixão. Ah sim, e talvez esperar pela descoberta de uma vacina.

San Carvalho

Dezembro/2010.


A Penteadeira

Engraçado como certo dia nos pegamos dizendo aos nossos filhos: no meu tempo era assim ou na minha época se fazia assim. Mais engraçado ainda é quando você ouve logo em seguida uma frase da sua filha de 6 anos dizendo para você: “no seu tempo não mãe, o seu tempo é hoje, porque você ainda não morreu”. Que coisa mais óbvia não? Ela tem toda a razão do mundo. Claro que meu tempo ou o tempo de qualquer pessoa é hoje, afinal nosso momento é sempre o presente, o que estamos vivendo e o correto seria usarmos a expressão: quando eu tinha tal idade ou quando eu era criança, ou quando eu era adolescente. É só uma questão de recolocação de expressão para não colocarmos tanto peso (se é que esse peso é assim tão pesado) do tempo passando ao nosso lado.

Ah, esse valioso e inestimável tempo! Com o qual nos ocupamos, nos desocupamos, namoramos, casamos, descasamos, estudamos, aprendemos, crescemos, viajamos ou não, trabalhamos, seja no que queremos, seja no que nos é possível trabalhar. É com esse amigo e amado tempo também que fazemos amigos, deixamos uns para trás, reencontramos alguns outros, fazemos novos e estes também vão ficando para trás, enquanto nossas vidas vão seguindo por encruzilhadas distintas. Quando eu era ou quando eu fui na verdade é o hoje, que daqui a pouco se transformará no quando eu era novamente, e assim rodamos essa maravilhosa e surpreendente manivela do tempo e da vida.

Quando eu era criança, por exemplo, o contexto de família para mim poderia ser meus pais, meus irmãos, avós, primos e tios mais próximos. Já quando eu me tornei adulta, esse significado mudou e se tornou muito mais abrangente, incluindo ou, por escolha de muitos, exclusivamente, filhos, marido, ou ex marido, ou ainda um novo marido. Essa é a explicação que mais se aproxima do que estou tentando dizer. Quando eu era e/ou quando eu fui é o acúmulo de experiências vividas ou não vividas e como eu lido com toda essa vivência, que me tornou o que hoje eu sou.

Um dia desses conversando com um amigo mais velho que eu, descobrimos que vivemos o tempo presente como qualquer garoto de 15, 18 ou 20 anos. Acessamos nossos e-mails, estamos ligados nas redes sociais, aos blog´s, aos twiters, já tivemos contato com o tal youtube, trocamos arquivos pelo bluetoothe, conhecemos as telas de cristal líquido, LED, plasma, o tal do touchescreen, clonagem, células tronco, enfim. Vivemos este tempo presente, que também é nosso, claro, pois estamos nele, mas nos pegamos usando gírias e expressões de décadas que muitas vezes nem correspondem às décadas em que nascemos. Décadas anteriores às nossas. E aí nos descobrimos ser de uma geração específica, que para não usar um termo muito moderno como retrô, nos descobrimos ser da geração da PENTEADEIRA.

A penteadeira virou nosso código. Se um pega o outro cantarolando uma música que vou tentar reproduzir um trecho aqui : … “E aquela blusa que você usava, num canto qualquer, tranquilha esperava...” um de nós já dá um olhar penetrante para o outro e diz: “essa vai entrar na lista da penteadeira hein!”. E o mais interessante, apesar desse meu amigo teoricamente ser de uma geração anterior a minha, ambos sabemos a letra inteira, porque pessoas do “tempo da penteadeira” são atuais, mas são retrôs também, porque ser "penteadeira" é ter sido da geração coca-cola, do roda-baleiro, do diretas já ou curtido o circo voador. Ser "penteadeira" é ser antenado no quando eu era e no que hoje eu sou. É ter um certo descuido com o cara que está te olhando lá do outro lado da rua, quando você está num barzinho rindo com amigos. Melhor dizendo, nem percebê-lo mesmo, porque essa atenção toda ficou no tempo de quando eu era e o que hoje sou me permite ter esse descuido, porque vivo hoje um outro tempo. É ter um certo prejuízo na memória recente tão evidente, ao ponto de ser necessário recorrer ao recurso dos tais post-its, ou utilizar-se da memória prodigiosa do amigo mais próximo para lembrar para quem era mesmo que tinha que retornar um telefonema. Ser "penteadeira" é ter uma memória remota tão preservada capaz de recordar, entre outros assuntos, peças publicitárias e jingles de quando eu era.

Quero um dia fazer uma relação para complementar este texto sobre as pérolas interessantíssimas que reuni com alguns amigos ao longo de alguns anos. Serão, sem dúvida um apanhado de assuntos que farão muitas pessoas do tempo de hoje, da tal tecnologia da informação obter material suficiente para pelo menos uma meia dúzia de piadas, rotular as gerações anteriores de cafonas ou, se preferir, reunir material para boas pesquisas sobre quando alguém era ou quando alguém foi.


San Carvalho
Fevereiro/2011.


Tipo de Gente

Quando existe uma inquietação dentro de mim eu preciso escrever para me organizar e tentar descobrir porque estou incomodada. Isto é fato.
Há uns anos atrás acompanhei um amigo em um culto na Sinagoga. Embora católica, me senti muito acolhida naquele lugar e logo percebi ali a presença de Deus. Ok. Até aí tudo perfeito. Me sentei confortavelmente numa das poltronas. Participei ativamente do louvor, que foi uma das partes mais agradáveis da cerimônia. Resolvi ficar para assistir a pregação, que na ocasião era presidida por uma Pastora (não me recordo o nome). Foi aí que comecei, como observadora que sou, a prestar atenção e a me sentir incomodada com o discurso. Era envolvente, fundamentado, mas tinha um porém. Dentro do contexto ela resolveu citar os homossexuais e em vários momentos se referia a eles como “tipo de gente”. Preciso ser honesta e acrescentar que em nenhum momento ela opinou negativamente sobre o assunto. Continuei prestando atenção, mas já me sentindo sentar sobre percevejos numa poltrona tão confortável. Esperei com paciência o fim do culto, paciência esta que hoje em dia é muito mais elástica que uns anos atrás. Saí dali pensando no que tinha ouvido e remoendo as palavras. Elas entravam e saiam, entravam e saiam. Pensei: porque será que não consigo digerir o que foi dito? Não formei nenhuma opinião a respeito, até porque eu tinha ido aquele lugar como ouvinte e achava que em respeito ao local e ao acolhimento tão caloroso a mim dirigido não deveria me manifestar sobre o assunto com meu amigo.
É claro que foi naquele dia que o assunto me causou provocação, mas não necessariamente porque estava dentro do contexto de um discurso protestante. Essa não digestão poderia ter acontecido durante uma homilia católica ou mesmo assistindo a uma palestra de um formador de opinião das mídias eletrônicas ou impressas. A questão não foi o lugar e sim o desarranjo que se instalou em mim.
Mais recentemente, conversando com um colega de trabalho acabamos entrando numa discussão parecida, em que ele me explicava a respeito de sua posição em escolher com quem prefere ou gosta de conviver (deve ter sido mais ou menos esse o tema). Novamente chegamos a conversa antiga sobre tipo de gente. Aí se esclareceu definitivamente dentro de mim a inquietação que senti naquele dia, anos atrás sobre o discurso na Sinagoga.
Eu, Sandra, não organizo as pessoas e as catalogo por tipo de gente. Afinal eu também sou um tipo de gente. Sou um tipo de gente que gosta de ter amigos, que gosta de futebol e não gosta de brigadeiro, que não come carne porque me faz vomitar, que acorda tarde por preguiça ou que acorda cedo porque tem uma rotina diária a cumprir, que gosta do abraço, que acha difícil, doloroso e ao mesmo tempo maravilhoso ser mãe, que percebe (não sei se sensitivamente ou por preconceito assumido) aquele que não serve para estar ao meu lado. Que olha a vida sem pressa e as pessoas também. Sou um tipo de gente que enxerga as situações sempre sob dois ângulos ou mais. Sim, porque há sempre um contexto que envolve essas situações e conclusões apressadas podem levar ao erro. Sou um tipo de gente que também erra, também tira conclusões apressadas, mas que me percebo e tomo a atitude de rever. Sou um tipo de gente que me permito admitir ter me enganado e revejo também que determinada pessoa não é exatamente o tipo de gente que combina com o meu jeito de ser gente. È óbvio que todos temos o direito de escolher com quem nos relacionamos e cada um tem o seu ponto de vista sobre o outro. Não estou aqui para ditar regras. Escrevo para extravasar minha inquietação
Gente! pessoas são pessoas (eu e você, que está me lendo) e por si são cada um o seu tipo de gente. Aquele que lhes convêm ser, ou pelo meio em que vivem, ou pelas escolhas que fizeram, ou até por questões alheias a meu entendimento. Como cristã, acredito que Jesus também era um “tipo de gente” e não acho que Ele era bom, permissivo. Ele era sim um Homem justo. Então, pensando a respeito daquele culto e de minha conversa fiada com meu colega num momento de ócio eu chego a seguinte conclusão: a mim é muito incômodo pensar nas pessoas como tipo de gente (essa expressão ainda me remete a uma confortável, mas espinhosa poltrona). Prefiro observar as pessoas e ir formando minha opinião pessoal e intransferível sobre cada uma delas e assim me adaptando ao ser humano que me cerca, cada um com sua singularidade.

Por San carvalho
Setembro/2011