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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

As escolhas que ela não fez

Ela o viu naquele dia. Na verdade ela não sabia bem se o vira, porque seus olhos não conseguiram acreditar que era ele. Mesmo ela o tendo seguido por minutos com o olhar entre  uma e outra mesa, era impossível acreditar, ela o vira, mas não conseguiu captar nele sua alma. Onde estava a vivacidade daquele sorriso? Devia estar no mesmo lugar onde estava o sorriso dela. Guardado, preso, sem chave, dentro de si própria. desde de que o conhecera e se afastara ela não sorria mais com a mesma espontaneidade.
Ela sorria, porque aprendeu que simpatia independe do que se vive. Se se sofre ou se se está feliz. Seu riso franco, acentuado e feliz já não brotava de seus lábios com a mesma majestade. E foi isso que também viu nele naquele dia. Seu rosto estava cinzento, nublado.
Ele não a viu. Ela ficou ali quieta entre os amigos, ouvindo-os contar de suas noites de natal e rirem uns dos outros. Nem mesmo o barulho que faziam a distraíam e seus olhos estavam-no seguindo. Impossível acreditar que o vira novamente. Pensou em se levantar e ir até ele, mas se conteve. Usou o significado de palavras dele próprio. "Melhor se conter diante de uma situação que não podemos controlar". Era uma difícil decisão não ir até ele e dizer: _ Olá! Como foi seu natal? Como tem passado? Não, não o fez. Por covardia ou por coragem, tanto faz. Vê-lo trouxe de volta a mesma sensação de vivacidade que teve quando o conheceu. Não seria justo com ambos se aproximar novamente e reacender tudo que tanto demoraram em tantas conversas para manter apagado.
Seus olhos continuaram seguindo-o pelo trajeto entre o restaurante e o elevador. Minutos que duraram uma eternidade. A porta se abriu e ele sumiu do alcance de seu olhar.  Ficou ali entre os amigos, refletindo. E se ela tivesse ido até ele? E se tudo tivesse tomado outro rumo? E se ambos não tivessem sido tão corretos? Se tivessem deixado escapar por entre os dedos seus juízos? Perguntas insensatas para respostas que não faz mais sentido procurar nem nela, nem nele. Foi assim que ambos decidiram. Era assim que tinha que ser.
Era a primeira vez que ela o via desde a última conversa em que ambos resolveram que um seria especial para o outro e seria inesquecível tudo que juntos sonharam viver. A sensibilidade e a responsabilidade dos dois não permitiu que realizassem esses sonhos. Era impossível ser feliz sem arranhar outras almas, outros corações. E foi assim que tudo teve um início e um fim sem ter tido um meio.
Dizem que a vida é feita de escolhas. Sim. A vida também é feita de não escolhas. Não escolheram estar juntos em detrimento de um sentimento que poderia ser grande o suficiente para ambos, mas muito maior se fosse vivido em sua intensidade e promoveria estragos equivalente a um grande tsunami.
Ela escolheu não ir até ele. Ela escolheu que assim tudo voltaria, aos poucos, a se acomodar dentro dela, como na sábia frase: "é no sacudir do caminhão que as abóboras se ajeitam".
Às vezes é preciso dilacerar o coração. Deixar que ele se rasgue por inteiro. Deixar o tempo passar e as cicatrizes se fecharem até que ele se reconstrua. Dói, não é fácil, mas é uma boa forma de crescer, amadurecer e entender que a vida não gira em torno do nosso próprio umbigo e que o mesmo respeito que exigimos para nós também devemos ao outro, às outras pessoas.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Soldando, reconstruindo, blindando.

Desculpem-me os transtornos...
Em fase de solda da blindagem


Em breve, nova fortaleza se reerguerá neste lugar...
           logo retornarei com meus contos e meus textos...

obrigada e bom Natal a todos.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Mais sublime que a castidade.

E quando a coisa certa a fazer é exatamente "a coisa incerta" a fazer?
E quando a sensatez trava queda de braço com a insanidade?
E quando  o café tem aroma e sabor incomparáveis, mas está em outra xícara?
E quando o maior inimigo é o juízo?
E quando o maior aliado é o juízo?
E quando o não quer ser o sim?
E quando o humano é tão grande, que fica insuportável ser desumano?
E quando o jeito de ser é incompatível com a decisão pela felicidade?
E quando a coisa certa a fazer é não fazer a "coisa certa"?
E quando o coração esteve inerte por anos e finalmente pulsa e o mais sensato é desacelerá-lo?
E quando a alma reconhece a outra alma?
E quando alguém se torna tão essencial e poderoso no pensamento que transborda pelo  sorriso, pelo olhar?
E quando é preciso manter intactos os tijolos do castelo, mas Vossa Majestade quer reinar entre os leões?
E quando as mãos ficam geladas num calor de 35 graus?
E quando se quer o que não se pode ter?
E quando dentro de todos os abraços só cabe um abraço?
E quando a música, o cheiro, o sorriso, o toque e o sabor coloriram bem colorido o momento?
E quando a vontade é de estar lá e não cá?
E quando se dá todo o tempo necessário para a poeira abaixar, mas ela insiste em permanecer ali, pairando no ar?
E quando nenhuma resposta satisfaz as perguntas?
E quando a coisa certa ou incerta a fazer é deixar o coração bater, as pernas tremerem, a barriga doer, as mãos gelarem e se entregar?



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Horas infindáveis

Sabe aquele dia que comumente acontece nos sonhos? Do tipo que você quer fazer uma coisa, mas tem que fazer outra, mesmo contra sua vontade?
Você acorda querendo continuar na cama, mas sabe que precisa estar de pé em minutos, fazer o café, porque está com visitas. Olha ao redor e quer se deitar novamente. Sua cama te chama de volta. Luta contra a preguiça e tenta se concentrar no compromisso! Mas que compromisso mesmo? Se levanta, se perde na sua organização de pensamentos. Mal consegue colocar o creme dental na escova de dentes e já ouve um barulho no portão. Alguém veio "filá" seu delicioso café. E quem disse que você consegue saber que roupa colocar para atender ao desavisado e inesperado visitante? você dá uma olhada em si mesma e no espelho. Descobre que dormiu com seu short de cotton curtíssimo e que está com uma camiseta velha, daquelas que você coloca para dormir depois de um dia cheio e que achou rapidamente no armário. Então você aperta o botão "F", afinal quem vem te ver as 9h da madrugada não espera encontrar uma princesa levemente adormecida e com maquiagem impecável. Casa cheia e você só pensa na sua cama, enquanto termina o café.
Detalhe: como no sonho, você não consegue terminar nada que começa, exceto o café e pessoas falam ao seu redor, todas ao mesmo tempo: _ Vamos almoçar aqui ou na sua irmã? Sabe onde é o lugar que seu irmão costuma ir aos domingos de manhã? Mãe, vai dar tempo de irmos na festa da filha da sua amiga? _. E você ali, prevendo o dia que vem pela frente. Não teve tempo para seu banho matinal. Não deu uma olhada nas principais notícias do dia ou da semana. Não passou os olhos no seu programa de TV favorito, talvez o único do domingo. Não respondeu aos recados da rede social. Não terminou a conversa que começou dias antes com um amigo por e-mail.
Quem se importa se você teve uma semana cheia, que está com tanto trabalho acumulado e que talvez nem tenha tempo para almoçar nos próximos dias? Hoje. Hoje precisam de você. Querem você inteira, sem sono, sem preguiça, com disposição para cozinhar, para sorrir, para ser boa anfitriã, boa amiga, boa filha, boa irmã, boa mãe, boa, boa, boa... Definitivamente, não é um sonho.  É um daqueles dias, no qual nada sai planejado, nada sai dentro do possível e nada sai conforme você espera. O dia vai seguindo seu curso. Horas que duram infinitamente. No meio do dia você se entrega, tira um ou dois cochilos no sofá. Ah! Como no sonho, você tenta acordar para não sonhar o mesmo sonho, mas é real, é de verdade, não adianta acordar. Mais infinitas e infindáveis horas se passam. Você finalmente consegue ficar no aconchego do seu lar. De volta à rotina tão costumeira e reconfortante. Um telefonema! Uma amiga, ansiosa para uma conversa. Lá fora uma tempestade se arma. A amiga chega. Outra visita inesperada, agora acompanhada de uma pizza, que, ao contrário, trouxe relaxamento. Você, que já se imaginava sem energia alguma, renasce. Coisa de quem tem afeto demais sobrando. Uma boa conversa. Amenidades, desabafos, risos, lembranças. Um fim de noite, ainda com horas infindáveis, mas com saldo altamente positivo.  Ainda sobrou tempo para escrever esse texto e dormir, agora em comum acordo com a confortável e companheira cama.
San Carvalho

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um desfibrilador, por favor!

Ela tem sentido o seu coração esvaziado de dor e de amor. Não, mentira. Não tem nem ao menos sentido seu coração. Será que ele não está batendo mais e ela nem percebe? Que distraída!
Calma! Não chamem nenhum especialista, nem do músculo, nem da área da psiquiatria. Ela não anda com dores no peito e tampouco deprimida. Continua sentindo a vida em seus aromas, em suas cores, em sua singularidade. Se mantêm capaz dos erros e dos acertos. Permanece admirando os detalhes e encontrando neles motivos para achar o dia mais alegre. Ainda se diverte com os amigos. Continua sendo uma razoável mãe, sempre presente, na medida do possível e, muitas vezes, do impossível. Ainda é capaz, como diria o poeta, de colocar a sua dor no bolso para cuidar da do outro. Traz consigo o conselho, o afago e abraço amigo, aos amigos, aos familiares, aos que dela precisam escutar um bom dia ou um simples olho no olho. É mulher de grande fé e isso a faz ter a certeza que a alma está em alguma outra parte dela, à parte do coração. Porque a fé, grandiosa, inquestionável, essa ela não perdeu. 
Então, porque será que tem seu coração tão endurecido? Tão racionalmente impossibilitado de deixar entrar o deslumbramento, a inquietude, a euforia? Não sente-o palpitar, tremular, nem ao menos sente-o disparar. 
Não, não é caso para médicos. Pode ser sim caso para arrombadores. Daqueles que possuem ferramentas especiais para abrir qualquer coisa: carros, portas, cofres. Sim, cofres. Isto. Ela vai buscar um especialista em abertura de cofres. E rezar para que seu coração não tenha se escondido atrás de uma blindagem tão impenetrável como titânio e que a senha de abertura não esteja em código digital.
Ah! Esse músculo, tão vital, tão intenso e tão perdido dentro desse corpo!
Acima de tudo existe nela a consciência que é um momento raro e passageiro. Que, em breve ela voltará a sentir seu coração bater forte, acelerar e depois quase parar. Porque razão? Isto ela ainda não sabe.
O que ela sabe e sabe bem é que mais dia, menos dia haverá um desfibrilador fazendo voltar a sensibilidade dentro de uma mulher tão cheia de vida.

Por

San Carvalho



Retalhos de uma mulher.

Sou da paz. Sou das alegrias. Sou das tristezas também, porém em menor intensidade. Sou das luzes da noite. Sou do calor do dia, ainda que minha pele não aguente. Sou da escuridão. Sou da solidão. Sou da chuva. Sou  dos ventos. Costumo ser, por vezes, de uma leve brisa. Sou das cores, de todas elas. Penso que o cinza não me favorece e o marrom me entristece. Já o amarelo eu admiro, todavia não uso. Tenho medo do amarelo, talvez o mesmo medo que tenho do sol. É isso, sou do medo, menos que da coragem. Sou do branco, que não é cor, mas inspira amor, louvor. 
Sou do avesso. Sou do amarrotado, mais que do passado. Não sou de um inteiro. Sou de partes, das partes de um todo.
Não sou da dor, mesmo que ela esteja sempre ao meu entorno. Prefiro alentar quem tem a dor, que ser tomada por ela, embora em alguns casos eu queira tirá-la com minhas próprias mãos.

Sou de Deus. Sou do Deus. Sou do Nosso Deus.

Sou mulher. Sou menina. Sou criança, muitas vezes, infantil, porque não? Sou inqualificável. Sou desdobrável. Sou inquebrável. Sou um carvalho. Não sou uma violeta. Sou Madura. Sou terna. Sou eterna. Sou infindável no meu bem querer. Sou fera. Sou mansa. Sou delicada. Sou crua. Sou nua. Sou centrada, embora não equilibrada. Gosto da falta do equilíbrio. Sou a imperfeição. O assimétrico me atrai mais que o simétrico. Sou sensualidade. Sou sedução.  Sou moleca. Sou peralta. Sou anjo, mas não sou santa, porque não almejo a santidade. 
Do amor? Deste eu não sou. Sou amada. Sou amável. Quero ser do amor. Quero que o amor me mereça. Um dia, quando o deslumbre e o encantamento chegar, pois careço de ter e de ser O AMOR.
Um dia! um belo dia! Quem sabe!
Enquanto isso vou sendo da vida, dos amigos: amados. Da família e seguindo feliz.

É assim, em pequenos retalhos, que eu sou.

San Carvalho




quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ao meu amado pai. E a saudade hein!


Eu nunca vou poder transcrever em palavras tudo o que o seu olhar me dizia. Tudo o que o seu rabo de olho me ensinava. O tanto que sua risada franca, aberta, sem receio me acolhia. O tanto de bom que era estar entre você e seus amigos tão costumeiros frequentadores de nossa casa e que acabavam por se tornarem um pouco nossos irmãos, porque consideravam você um exemplo, um homem de bem, de sabedoria e de generosidade. Era tão bom estar por perto quando todos riam com você e de você, pelo seu jeito sério de contar  piadas e pequenas mentiras. Sabia que você fazia isto pelo simples motivo de manter quem estivesse por perto aconchegado, distraído, pois assim não viam o tempo passar e não teriam pressa de ir embora. Como eu queria ter herdado esse seu  carisma e essa sua disposição!
Tempo ruim? Não, não havia. Tardar de hora? Não, não havia. Nunca era tarde demais ou cedo demais, ou fora de hora demais para atender um amigo, um conhecido, um parente ou mesmo um forasteiro na cidade.
Generosidade. Se me pedissem para definir você, meu pai, em uma única palavra seria esta: generosidade.
Hoje me deu saudade, como costumeiro, mas me deu vontade de escrever pra ti. Eu achava que não conseguiria, porque falar de você é sempre falar pouco, tão pouco! Pelo tanto que você era. Pai amoroso, avô inventa-moda e estraga-apetite. Amigo de todas as horas. Irmão impecável. Com você aprendi a gostar de futebol. Acho que todos nós lá em casa, do mais velho ao mais novo; Filhos e netos. Todos aprendemos o amor pelo futebol,  porque era muito gostoso sentar ao seu lado e escutar no rádio de pilha ou mesmo, anos mais tarde, assistir, ainda na TV em preto e branco, e ouvir os seus comentários. Ainda hoje me pego prestando atenção à TV toda vez que sua Estrela Solitária entra em campo, apesar de ter outro time de coração.
Era bom demais ficar do seu lado sentindo seu cheiro: cheiro de terra, cheiro de uma pessoa que parecia sempre recém chegada da lavoura e ali, do seu lado mantinha seu chapéu. Hoje entendo porquê. Era porque sempre poderia ser chamado a ajudar alguém às pressas e o companheiro inseparável (chapéu) estava ao alcance das mãos.
Eu tenho tantas lembranças de ti meu pai! Muitas. Não vou conseguir escrever sobre todas, porque são inúmeras, mas lembro bem de tê-lo visto chorar, porque era um homem com sentimentos à flor da pele. Chorava com a facilidade de uma criança e ria com a mesma facilidade. Lembro de sua única frase para mim quando resolvi morar distante de você: "vai sim fiota, mas cuidado! lembra que lá não é a nossa terra." E se, poucas bobagens eu fiz nessa vida foi pela lembrança grata dessa curta frase. Não lembro, no entanto, de ter ouvido de sua boca uma única vez: estou cansado. Nunca, nunca ouvi você dizer que estava cansado demais para um filho, ou para um neto, ou para um irmão, ou para um amigo. Você tinha uma energia que a mim me causa inveja. Isso eu também queria ter herdado de ti caro e saudoso pai. Em nome de toda a nossa família: minha saudade, minha admiração, meu respeito e minhas orações MEU QUERIDO, MEU VELHO, MEU AMIGO.

Lembro do dia em que cantei essa canção numa apresentação. Eu devia ter uns 9 anos:

"Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo. Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo e esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo, já correram tanto na vida. Meu querido, meu velho, meu amigo.
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo. Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento. Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo. Me calando fundo na alma. Meu querido, meu velho, meu amigo.
Seu passado vive presente nas experiências contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida. Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina. Beijo suas mãos e lhe digo: Meu querido, meu velho, meu amigo.
Eu já lhe falei de tudo, Mas tudo isso é pouco diante do que sinto. Olhando seus cabelos, tão bonitos, beijo suas mãos e digo: meu querido, meu velho, meu amigo."

Por
San Carvalho


sábado, 20 de outubro de 2012

Uma xícara de café com desejo e uma pitada de vontade daquele BEIJO

Foi assim. Timidamente. Era para ser algo caído no esquecimento.
Tudo começou num simples contato. Simples assim. Uma pequena mensagem, sem intenções outras que não informar que o tinha visto. O risco de não ver. Arriscar seria a melhor palavra. Um e-mail. Um belo sorriso de lá, muita timidez. Um sorriso de cá e mais um tanto de insegurança.  E, de repente: a coragem. O encontro. Algo conspirou para que assim fosse. Uma força maior. Desencontros e reencontro sem mesmo ter havido o encontro. O contato restabelecido. A companhia companheira nas noites solitárias e o desejo de abraçar e apertar e apertar e apertar. De um lado a curiosidade por ver de perto o admirador do outro com a facilidade da palavra. Mentira: curiosidade pelo cheiro, que ainda não era cheiro, mas que sabia existir. O olhar já tão familiar ainda não era um olho no olho. O beijo ainda não era beijo, era somente um "se cuida". Existia no ar a inquietude desse momento. Desse encontro. O que aconteceria se o olho no olho se rendesse e desfizesse todas as defesas? E se todas as precauções desse encontro fossem inúteis?
Finalmente o dia. O toque no celular: "já cheguei".
Tudo aconteceu de forma bem típica dos desastrados. Por favor, providenciem uma bússola para orientar o juízo, o descompromisso. Aconteceu. o primeiro olhar de fato. O sorriso tímido. O semi beijo num único lado do rosto. Como os cariocas são privilegiados por terem como hábito os dois beijos em ambas as faces! Ela estava vestida para parecer naturalmente despretensiosa. Que nada. Poderia ser qualquer roupa: um shorts, um vestido elegante ou sexy. Quem se importa? Era o olho no olho tão esperado. Os cardápios trazidos pelo garçom.  Que garçom?  Alguém percebeu a presença do garçom? 2 cafés expressos. Foi esse o pedido. Iguais, porque não havia tempo a perder com escolhas inúteis. Finalmente o encontro. Finalmente um olho dentro do outro. Que falta de jeito! Que falta de assunto! 
Havia no ar a preocupação com a hora se esvaindo, mas havia também a vontade de apertar e apertar e de ficar mais. Um dos cafés foi adoçado com juízo e o outro com desejo. Não é somente uma metáfora. É a pura reprodução da oportunidade passada, que se desfez. "Nunca diga nunca". Claro que não.  Talvez numa outra oportunidade. Sem pressa, com bem pouca pressa. Quem sabe aquele beijo que ficou na xícara de café se torne real e substitua de vez o "se cuida". No fundo já era esperado que esse primeiro encontro não durasse. Providencial. Os instintos pediam que assim o fosse. 
No fim, a companhia silenciosa até o carro e o apertar, apertar, que aconteceu de fato. 
E aconteceu. O encontro, cheio de sedução, de desejo e de beijo, ansiosos, nervosos. Todos iniciados na xícara de café sobre a mesa.

Por 
San Carvalho 

sábado, 13 de outubro de 2012

Rasgar e se re-costurar

Estou lendo o livro Fora de Mim, de Martha Medeiros. Confesso que ele mexe demais com minhas entranhas, com minha alma e, principalmente, com meu coração.
O assunto trata do momento exato em que acontece uma separação. Das dores, dos sentimentos pequenos e dos sentimentos enormes que sentimos. Também dos sentimentos que não dimensionamos em tamanho e em dor e dos fantasmas que se criam dentro de nós.
Eu, admiradora confessa dessa escritora me surpreendi um pouco com o livro. Claro, continuo admirando sua capacidade de dizer em detalhes tudo o que sentimos e cada publicação sua deixa isso ainda mais claro. É que este livro me faz reviver, inesperadamente tudo que um dia passei e agora, lendo o assunto como simples leitura ainda sinto-me rasgar inteira, sinto como se tivesse me deixado anestesiar por um bom tempo e fico feliz que só agora eu tenha contato com tal leitura, porque trata-se de uma obra que mexe muito com todos os sentimentos incômodos e mesquinhos que há dentro da gente.
Eu, na verdade, vou me percebendo em cada linha que leio e vejo que não vivi nada contra minha vontade, foi tudo permitido e quando deixei de permitir consegui crescer e me libertar. Me submeti ao autoconhecimento e a observar e entender as pessoas com suas características pouco ou muito nobres. Vejam bem, "entender", não "aceitar".
Ainda que o seu conteúdo tenha sido superado ou já esteja num passado muito distante, o fato é que, cada página me parece uma navalha querendo cortar meus pulsos e a sensação que bate é de uma luta interior para que o leitor seja mais forte que essas lâminas metafóricas. 
As dores são superáveis e suportáveis. Como na canção: sobrevivemos, não sem arranhões. O que nos sobra não são sobras. o que nos resta é um começo novo, um recomeço de vida. Voltamos a ser um. Um, que já não é mais somente um. Somos o "um" com mais alguém. Com filhos, com uma vida a tocar.
Reaprendemos a ser o que sempre fomos, independentes. 
De qualquer maneira, o livro me leva a pensar no verdadeiro significado do que é se rasgar e se rasgar novamente para depois se re-costurar e depois se rasgar novamente para tornar a se re-costurar.
Espero mesmo que a experiência de uma separação não seja de tamanho sofrimento que não seja suportável para ninguém. Ou mesmo que nem seja preciso passar um dia por essa experiência.

Por
San Carvalho









Ao longo do meu caminho

Como sempre, faz tempo que eu não publico coisas razoáveis. Até tenho muitos textos rascunhados, mas que ainda precisam de uma lapidação. Essa minha mania de ter medo das críticas! Se são exatamente elas que me dão impulso para continuar em frente!

Enfim. Faz pouco tempo reencontrei via rede social alguns colegas de faculdade e parei para observar cada um deles, suas vidas, seus cotidianos. Claro, não sei de detalhes de nenhum deles, nem mesmo dos que me eram mais próximos, mas percebi algo que me deixou muito feliz, o amadurecimento de cada um deles. Quando os conheci eram meninos ainda. Muitos nem namorada tinham. Curtiam a vida em plena juventude e eu os via ocasionalmente quando entravam na sala de aula e dia sim outro não me cumprimentavam. Eu admirava cada um deles. Cada um com o seu jeito. Esse reencontro agora me trouxe grandes surpresas. Pude ver o quanto cresceram, o quanto são pessoas bacanas. O quanto eles são próximos de mim, sem nunca terem sido lá, há 12 anos atrás. Vejo carreiras de sucesso. Vejo homens que se transformaram em pais formidáveis. Vejo meninas, jovens ainda na aparência com seus belos filhos e mães de primeira qualidade. Eu mesma, que logo no penúltimo ano de faculdade já tive minha primeira das 2 filhas que hoje são minhas razões de viver, me vejo. Saio de mim numa grande panorâmica e me percebo admirando pessoas que não eram, de fato, próximas de mim, mas que conviveram 4 anos muito intensos de nossas vidas juntos. Posso dizer que estou adorando este reencontro. Faz tempo, andava necessitada de rever gente que deixei pelo caminho onde andei e a rede social me proporcionou isto. Meninos tímidos, que não falavam comigo na época, ou por eu não pertencer ao mesmo grupo, ou por eu ter uma aparência mais seria do que realmente sou. Hoje falam comigo, trocam ideias e entendo isto como um amadurecimento, como uma prova de que não importa quão diferente somos. Não importa se somos ou não de meios sociais diferentes. O que importa é a comunhão de valores, de gostos, de vivência e do quanto consideramos importante as pessoas que passam pela nossa vida. Eu me pego discutindo até futebol com pessoas que eu nem imaginava que soubessem meu nome na época da faculdade! Como é mágico esse sentimento de ser querido, de ser lembrado, de ser relembrado ou de ser reconhecido!

Todo este discurso tem sua razão de ser. Me pego perguntando: Será mesmo que não podemos ser pessoas mais flexíveis? Será mesmo que o tempo, este encantador tempo, não nos torna pessoas mais amadurecidas, esclarecidas e por isso mais íntimas dos que fizeram parte de nossas vidas? Será mesmo que as diferenças não podem ser, na verdade, o que nos aproxima e não o que nos afasta?

Eu vejo o reencontro (especificamente este reencontro) como a possibilidade de alçar novos voos em busca de ser uma pessoa melhor e percebo no dia a dia, no contato com estes (hoje, amigos)  a possibilidade de entender as pessoas com suas diferenças e qualidades e aceitá-las e amá-las.
Estou muito feliz com esse reencontro. De verdade foi uma grande e inesperada surpresa rever hoje, homens e mulheres maduros, vividos, bons pais, boas mães, cada um com suas histórias de vida. 
A todos vocês meu respeito, meu carinho, minha admiração. Me sinto honrada por estar novamente entre pessoas tão queridas.

Por

San Carvalho





terça-feira, 28 de agosto de 2012

Embriagada Pelo seu Cheiro.


Ah, esse seu cheiro!

Esse seu cheiro que fica em mim, me tira o norte, me faz perder a orientação das horas. Se não posso perder o poder da palavra, perco o juízo. "Um dia de cada vez". Nunca uma expressão teve tanto cheiro, tanto desejo, tanto a ser dito, tanto a ser calado. Ah, o cheiro! A embriagues do seu cheiro me derruba. Caio da própria altura, desmaio, entro em transe. Será assim tão poderoso o poder que tem seu cheiro sobre mim? Ou sou subjugada pelo perfume do encontro, pela magia do olhar, do toque proposital ou do total despropósito, da timidez do sorriso, que ainda não é um riso, um riso aberto, franco, mas que anseia por se libertar e voar, literalmente, no céu azul e ultrapassar os limites do medo. Esse seu cheiro contagiante, louco de vontade de ser feliz. Louco. Loucamente sensato. Sensatamente louco. Ajuizado. "Um dia de cada vez". Expressão madura, dura, mas aconselhadora. Me faça sempre esse favor. Não permita que eu me perca nesse seu cheiro. Não permita que minha lucidez seja menor que minha loucura. Seja sempre mais forte que eu. Que você seja o cheiro que embriaga, mas que seja  também o aroma que acalma. Seja sempre mais maduro que eu. Já não tenho mais escudos, nem blindagem, nem tijolos em torno de mim. Minha fragilidade e vulnerabilidade são minhas armas mais fracas.Sou forte, mas diante de você fico frágil. Sem as proteções naturais que sempre utilizo para me proteger. Sou bicho, sou fera, sou anjo, sou mulher (como na canção), mas sou mansa. Enjaulada pelo cheiro que vem de você. Pelo mistério que ainda há nos seus olhos que ora são verdes, ora são azuis, mas com expressão avassaladora. Você me cheira com seus olhos, com seu toque, com seu calor. Hoje a fantasia se mistura e se transforma em realidade (e foi assim que tudo começou, despretensiosamente) e tudo fica. Seu cheiro fica, em mim. E isso é bom. Inexplicavelmente bom. 
Puro encantamento.

Ah! Esse seu cheiro.

Por San Carvalho










quarta-feira, 18 de julho de 2012

A experiência do reencontro

Passei, nos últimos dias, por momentos muito bons.Vivi a experiência do reencontro com pessoas amadas. 
Primeiro um amigo que não via há muito tempo me convida para jantar. Nada saiu conforme planejado, mas os imprevistos também fazem parte da magia do estar com gente querida. Agora estou certa disto. Depois, uma notícia bem ruim me fez rever outra amiga muito amada e que andava sumida. Incrível como moramos na mesma cidade e não temos tempo para simplesmente dar um telefonema. Foi um momento de muita emoção, porque o momento era de tristeza pela  partida de um ente querido, mas foi um reencontro inesperado e onde se reafirmou uma grande ligação afetiva. Como é bom deixar pessoas tão queridas pelo caminho da vida! E como é melhor ainda saber que fomos importantes na vida das pessoas em um período, mesmo que curto, mas de fato, intenso.
Na mesma semana vieram até minha casa dois amigos que fiz ocasionalmente e que eu nem sabia o tanto que tinha importância na vida deles. Em momentos diferentes, ambos vieram trazendo questões sentimentais semelhantes na esperança que eu pudesse com minha escuta ajudar de alguma forma. E acredite, eles só queriam ser ouvidos. 
O que me deixou especialmente feliz foi um chá realizado com amigas de faculdade no último fim de semana. Eu não as via fazia muito tempo, muito mesmo e estar reunida com todas elas juntas me trouxe de volta uma vida real. Sim, a vida real, não o passado.  É importante saber que amigos de verdade nos apresentam o presente, não o passado. A vida como ela é. Ter reencontrado esse grupo de amigas foi para mim como uma injeção de ânimo, de felicidade. Reafirmei a importância que costumo dar ao outro, a olhar o outro com olhos solidários, amigos, companheiros. 
Hoje, depois de algum tempo sem publicar, voltei a escrever e o sol lá fora ilumina minha vida representando o prazer que me trouxe esta experiência do reencontro. 

ESSA FOTO FOI TIRADA NO ÚLTIMO DOMINGO DIA 15 DE JULHO DE 2012
na foto da esquerda para a direita: Luciana, eu, Juliana e Débora

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Não quero isto dentro de mim.

Hoje presenciei uma fala de intolerância. Tem gente que acha isso natural, comum. Eu não.
Que tristeza me deu! (Como naquele bolero).

Ao mesmo tempo me ocorreu que venho passando tempo demais entendendo e re-entendendo as pessoas. Quero uns minutos de NÃO COMPREENSÃO desse jeito desumano das pessoas. Me deem licença, por favor.

Tenho plena consciência de que não sou perfeita, que cometo meus erros e são muitos, e alguns até bem graves. Admiti-los já é o meu jeito para começar a consertar os estragos.


É feio, é ruim ver no meu dia a dia pessoas, com as quais eu  convivo não se tolerarem. Tenho uma frase que sempre uso com os amigos e colegas, muitas vezes nas brincadeiras, mas que hoje se encaixou precisamente numa roda de conversa: abrandar o coração e amansar a alma não nos custa tão caro quanto deixar mágoas nas pessoas durante uma vida toda. Pessoas essas que são, muitas vezes, acréscimos em nossas vidas.


A intolerância já causou desastres de proporções mundiais. Será possível que a consciência humana já se esqueceu disto?


Eu sei. Pode ser que minha indignação esteja carregada nas tintas, mas eu me dou o direito de nesse instante colorir bem colorido minha impaciência para ouvir calada, absurdos em nome de um deus que tem mais hóstia que o meu. Me poupem. Não só aos meus ouvidos, mas à minha alma. Sinceramente, se tenho um amigo que segura minha mão esquerda e o outro que segura a direita e ambos têm suas diferenças, que aprendam a se tolerarem ou se não conseguirem essa proeza, que se calem na minha presença. Não quero isso dentro de mim.


Hoje, minha fé só pode pedir para que Deus esteja com as mãos sobre as pessoas incompreendidas e que Ele, com sua grandiosa Generosidade, proteja aquelas pessoas e suas fragilidades, bem como sua incapacidade de amar e tolerar.




sexta-feira, 27 de abril de 2012

Eu tenho um enorme talento para a aposentadoria. Quando eu crescer eu quero me APOSENTAR.

"Eu quero um dia experimentar o território desconcertante da INUTILIDADE da velhice...ser útil é muito cansativo e perigoso... o mundo não gosta da gente não, ele só está interessado naquilo que podemos fazer por ele... a velhice nos trás a oportunidade de saber que só nos ama de verdade aquele que depois da nossa utilidade descobre nosso significado.... peço a Deus que me faça envelhecer ao lado dos que me amam...Peço a Deus principalmente ter alguém que me ponha no sol, mas sobretudo peço a Ele que tenha quem me tire do sol..." Fábio de Melo

Este texto acima  resume uma conversa de Fábio de Melo no seu show NO MEU INTERIOR TEM DEUS. Na verdade, achei maravilhosa essa prosa, porque eu também penso que a velhice nos trás sabedoria e a convicção de quem ficará de verdade em nossas vidas.
Assistindo essa conversa eu pensei no filme "Elza e Fred", uma coprodução entre Argentina e Espanha. Quem não assistiu ainda fica aqui a dica. É um filme que fala do amor na terceira idade. Feito despretensiosamente, mas com muita seriedade, aborda, além do amor, o respeito e a vivacidade das pessoas chamadas por nós de terceira idade.

Rezo muito para envelhecer com saúde, mente sã e com muito bom humor.

Põe a San no sol amigo, tire a San do sol.


San carvalho
Abril/2012

cena do filme: Elza e Fred

Sacerdote com alma nobre e sabedoria que eu tanto admiro

No Meu Interior Tem Deus

 
Nas terras guardiãs de minha história
Onde o ventre da memória continua me levar
Beiradas onde corre o velho rio,
São nascentes de caminhos que ainda estou a procurar.
Lá onde a saudade ergueu morada
E abriga o que de mim não passará
Eu sou do interior sou brasileiro
Das Gerais eu sou herdeiro, vez em quando eu falo "uai"
E sobre o céu tão pontilhado de estrelas,
Brotam cores madrugueiras enfeitando o meu lugar...
O sino toca e o povo vai abrindo a porta,
Chora o som de uma viola pra alegria regressar...

E canta a voz que já nasceu sofrida
E reza a voz que nunca desistiu...
Bordam suas linhas as mulheres,
Que nos filhos já escrevem neste interior tem Deus...

No meu interior tem Deus, tem Deus, tem Deus...
Eu sou um território sem fronteira,
Coração não tem porteira, Mas quem manda aqui é Deus!
No meu interior tem Deus, tem Deus, tem Deus...
Eu sou um território sem fronteira,
Coração não tem porteira, Mas quem manda aqui é Deus!

Minha mineirisse e meu espírito compartilha cada verso dessa música...parabéns!!

 

San
Abril/2012





terça-feira, 24 de abril de 2012

Essa alma que não cabe dentro de nós.

Estou com o coração apertado!

Não se preocupem, não estou prestes a ter um infarto. Meu coração está apertado de tanta alma que tem dentro de mim. Ela me aperta este músculo e todos os outros órgãos. Assim, sem pedir licença, minha alma resolveu ocupar todo o espaço que existia vago dentro de mim. Mas isso tem motivo para acontecer. Fui contagiada ou contaminada pelo micróbio da amizade. Sempre tive amigos, mas nunca havia adoecido de uma doença chamada amizade. Não quero sarar nunca. Até mesmo porque a medicina pode ter avançado muito, mas ela não está nem próxima de descobrir vacina para curar-nos de termos bons amigos. E eu, que não sou boba, não quero essa vacina não.
Tenho pensado nas pessoas de alma grande. Essa gente chama a atenção, não acham? Mas não chamam a atenção porque têm um metro e noventa de altura. Se destacam porque têm uma grandeza espiritual tamanha que, mesmo com seus cinquenta quilos, quando chegam perto de nós são grandes, não, são enorrrrrrmes de grandes (usando uma fala de uma de minhas filhas quando era pequenina). Eu conheço pessoas assim. Conheço algumas, mas especificamente uma delas tem uma luz que irradia, que brilha tão intensamente que faz florir tudo a sua volta. Faz o cheiro ter mais cheiro. Faz o sabor ter mais sabor. Faz o sorriso ter mais sorriso. Oferece flores. Oferece seu tempo. Oferece a lembrança que somos queridos. Faz o amor ser mais AMOR. Ela é, para minha sorte, uma grande Amiga. Generosa, Companheira, Parceira, Confidente. Quase nunca temos tempo para trocar dois dedos de prosa, mas não precisamos. Nosso "bom dia" e "boa semana" afetuosos já dizem tudo o que precisamos para sabermos que a vida está ali, que Deus está presente e abençoando nosso dia.
Como é bom ter na minha vida uma pessoa de alma grande, que não cabe dentro dela! Sempre sobra uma rebarba para fora. Faz tempo que quero escrever para uma pessoa especial, que quando ler este texto saberá que falo dela.
Também escrevo para aqueles que se sentem bem em ter amigos e que se consideram e eu os considero meus amigos. Deixo meu registro do quanto eu gosto de ter essas pessoas tão importantes para mim e principalmente que fazem com que minha alma não caiba dentro de mim. Obrigada por você, MEU AMIGO, existir na minha vida.

San Carvalho
Abril/2012



sábado, 14 de abril de 2012

Almas que emocionam

Sabe, eu não tenho o hábito de escrever todos os dias, embora as vezes no trânsito ou em alguma situação em que estou impossibilitada de escrever me vem algumas ideias e eu penso: preciso colocar isto no meu blog. As horas passam e, como todas as pessoas, sou tomada por outros afazeres e acontecimentos e dessa forma não traduzo o que está na minha mente em palavras. Resultado: penso que tem muito texto escondido em algum lugar do meu cérebro que preciso resgatar qualquer hora dessas. Mas o que me trouxe a escrever hoje não foi nada disso. O que levou a escrever hoje foi porque acordei bem, dormi muito e isso me refresca a memória e diminui meu pecado predileto, que é a preguiça.

Durante uma agitada última semana estive lendo alguns blog´s. Coisas muito interessantes e que me fizerem encher de orgulho por fazer parte de um mundo moderno (mesmo me considerando da época da penteadeira), onde tantos que antes guardavam o que escreviam em baús velhos até que as traças roiam seus papéis, não tinham onde de mostrar sua alma. Sim, porque o que eu li nesta última semana é a mais leve e bela tradução da alma de cada pessoa que ali escrevia. Pessoas inteligentes, que fazem muito mais com suas vidas. Pessoas que leem, que dominam ou entendem muito dos assuntos diversos que existem nesse mundo. Assuntos sobre espiritualidade, sobre a arte de ser pessoa, sobre a arte de saber se expressar. Gente com organização e treino de ideias. Que orgulho me dá poder ter o privilégio de ler os anônimos. Em outros tempos eu jamais teria contato com tão bons textos.

Bom, este texto é somente uma homenagem aos grandes poetas da alma que publicam com carinho e despretensão em seus blog´s, deslizando sobre as palavras como patins deslizam sobre o gelo.

Minha admiração por todos vocês. Minha alma agradece.


Por San Carvalho

Abril/2012







segunda-feira, 9 de abril de 2012

Uma breve satisfação

Gente...sei q tenho estado ausente e estou mesmo em falta e sentindo falta de escrever. ando com um vulcão fervilhando dentro de mim querendo esvaziar em palavras, mas infelizmente minha vida anda corrida demais e o tempo q tenho é para dormir. prometo em breve trazer coisas novas, que escritas já estão na minha alma...só lhes falta a criatura aqui ter mais tempo e menos preguiça amigos amados....eu amo vcs...não esqueçam disto nunca....

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Férias litoral paulista janeiro 2012. Higienizando a mente.


Tirar férias é uma boa oportunidade para lembrar de bater um papo com Deus.

sem comentários.

Minha íntima cerimônia de lavapés. Alma limpa e leve.

À sombra de mim mesma.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Homenagem a uma pessoa que se não existisse teríamos que inventá-la.

Vivi 30 anos da minha vida tranquilamente. Até que num dia qualquer. Juro que não lembro a data, conheci uma pessoa que passou imediatamente a fazer parte de minha vida. É, sem dúvida, a pessoa mais maluca, mais encantadora, mais dinâmica e mais amável que eu já conheci. Ela decidiu: vou ter outro filho, engravidou. Decidiu: vou me separar, saiu no meio da madrugada levando crianças e objetos pessoais e em alguns dias já estava com uma casa alugada e organizada para ser seu novo lar. Um dia chegou no trabalho e disse: San, vou comprar outro carro. Um carro zero. Sabe, assim, não pediu opinião, nem quis saber o que nós amigos achávamos da ideia. Em 2 semanas apareceu com seu carro novo. Num outro dia apareceu com a ideia: vou comprar uma casa para mim e meus filhos. O tempo pareceu passar da noite para o dia. Ela se divorciou e conseguiu comprar a casa que tanto queria. Sim, exatamente onde e a qual ela queria. Agora, o que foi mais impressionante nessa mulher que tanto admiro foi quando ela resolveu marcar um ginecologista para seu preventivo anual e chegou com a informação que tinha um pequeno nódulo e que a médica havia pedido a ela que procurasse um cirurgião. Ela me disse: San, que nada, eu que não vou procurar um cirurgião para retirar um "troço" tão pequeno e que nem me incomoda. Vou nada. Depois de um tempo resolvi dizer a ela que procurasse sim o tal cirurgião. Uma segunda opinião seria ótima! Indiquei um conhecido. E não é que a danada foi e voltou com diagnóstico de um carcinoma? Caramba! Nós, os amigos ficamos apreensivos, enquanto ela parecia que estava se preparando para extrair um dente. Tudo aconteceu como todas as situações na vida dela. Se preparou como indicado e em poucos meses já tinha retirado o tal nódulo. Em pouco tempo já estava na ativa. Sem sinais, nem sintomas de nenhum problema sério. 3 meses depois, uma nova situação até mais grave envolvendo o ex-marido novamente atinge essa mulher. Muito companherismo e muita fé fizeram com que ela permanecesse ao lado dele até que tudo fosse resolvido. Até que não houvesse mais chance de risco de vida ao pai de seus filhos. É ou não é uma mulher admirável essa pessoa? Acha que acabou? Não, de jeito nenhum. Ela cismou que precisava emagrecer e em 3 meses conseguiu todos os laudos suficientes para realizar a tal cirurgia. Acha que acabou? Não, ainda não. Faltando 3 dias para a tal cirurgia ela capotou o carro 6 vezes num lugar onde 1 dia antes havia acontecido um acidente tão grave quanto e que fez uma vítima fatal. Ela? só um arranhão no braço. É ou não verdade que esta pessoa teria que ser inventanda. O dia dela parece ter 48 horas. Consegue cuidar de todos os compromissos, dos filhos, dela, da família e de todos os amigos. Ufa! Só de narrar já me cansei.

Não me desmerecendo nem um pouco, mas se eu não fosse a mulher que sou eu confesso que gostaria de ser essa pessoa. Tá, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Zilda Arns. Mulheres e tanto! Mas com elas eu não tive a oportunidade de conviver e hoje, convivendo com essa pessoa tão focada e sobrevivente eu não tenho dúvidas: admiro e respeito essa mulher. Cada dia mais. Minhas reverências minha grande amiga.

San Carvalho
Janeiro/2012