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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Ai Minha Mãe, Minha Mãe Menininha.

Então gente,

Faz tempo que tenho esse rascunho na gaveta. É um dos mais rabiscados que possuo. Vira e mexe me debruço sobre ele e tento escrever.
E escrevo.
E reescrevo. 
E apago um tanto.
E torno a escrever.

Talvez alguém me pergunte. É sua mãe, qual a dificuldade em escrever sobre uma mãe, ainda mais sendo a sua?
Resposta, toda a dificuldade desse mundo.
Falar sobre minha mãe não é nada simples. Escrever sobre ela é ainda pior, porque tenho que pensar com cuidado e carinho nas palavras que vou usar, porque preciso ser carinhosa e ao mesmo tempo pontual.
Dona Teresa não é uma daquelas mães convencionais. Aquela mãe que conforta quando estamos com o joelho ou o coração ralado. Pelo contrário, ela, na maioria das vezes, costuma arrancar a casca da ferida para que a gente se lembre porque estamos chorando e sofrendo. Eu, com o passar dos anos fui compreendendo essa forma dela lidar com todos nós, seus filhos. Éramos muitos e não havia tempo de pensar e escolher palavras de conforto. Sei que ela nunca foi preferida pelos filhos. Nós só a acolhemos com um olhar sem pressa e com maior carinho depois que perdemos nosso pai. Penso sempre nisso. Imagino o tanto que ela não deve ter sentido com essa nossa predileção. Sei que ela, no fim das contas entendia isso, porque sabia que uma das partes do casamento tinha que ser a doce e, coube a ela ser a parte severa.

Permissividade? Essa palavra definitivamente ela não conhece. Não é permissiva. Não é afetuosa. Não é de dar colo. De verdade ela é o oposto do que era meu pai. Às vezes penso mesmo que essa seria uma das razões da sua longevidade. Ser dura e crua dá a ela uma firmeza de saúde, porque nem os males do corpo, nem os males da alma aguentam tempo suficiente nela para lhe fazerem quebrar. No máximo, a envergam.

Sei que esse deveria ser um texto que enchesse os olhos do leitor de lágrimas, mas aí eu não seria verdadeira na minha escrita, como sempre sou e não estaria falando de minha mãe. 

De modo algum eu desmereço a mãe que ela é. Pelo contrário, tenho muito orgulho dessa guerreira que ela foi e ainda é. São 80 anos de muita lucidez, de punhos fortes e de provedora quase absoluta de nossa família. Herdei dela poucas características e uma delas creio ser a teimosia. Sou teimosa em viver, como ela é. Em contra-partida não herdei dela a energia, a segurança nas atitudes, o tino pelos negócios. Acho mesmo que, nesta última, lá em casa nenhum de nós recebemos tal herança.

Um adendo no meio do texto para escrever uma frase que na vida real nunca disse: mãe, eu amo você.

Confesso aqui que conheço bem pouco minha mãe, Dona Teresa, pois saí de casa ainda muito jovem, aos 14 anos, para vir morar numa extensão da nossa casa no Estado de São Paulo. Nosso convívio foi esporádico. O que sei sobre ela é o que ouço falar. Escuto histórias carregadas de tintas sobre suas atitudes e sobre seu jeito de ser. Penso que esse jeito peculiar deixou algumas questões mal resolvidas pelo meio do caminho em relação a nossa família, mas acredito também que essa é a minha mãe e é a única que tenho e que, por mais diferente das outras mães que ela seja é assim que é. Qualquer mágoa ou dor que tenham sido causadas intencional ou não intencionalmente já ficaram pelo meio do caminho. O importante agora é que são 80 anos e cabe a nós, os filhos, nos livrarmos de fardos pesados que possamos talvez carregar nos ombros e estar com ela o tempo que nos for possível. 
Penso que se ela não foi a mãe dos sonhos de um filho, então que eu seja a mãe que as minhas filhas sonharam e aproveito para me espelhar em muitas de suas características para me tornar melhor e melhor e de novo melhor, a cada dia. Penso que, se eu não fui uma filha planejada, que eu seja uma mãe planejada para minhas filhas. E, sinceramente, não vejo diferença no amor que eu dedico à Gigia e à Doda no amor que me dedica minha mãe. Do seu jeito torto, ela sempre se faz presente e nunca me desamparou, nem antes dos meus 14 anos, nem depois deles.

Hoje, 09 de outubro, criei coragem e resolvi me aventurar na postagem. Afinal é o aniversário de alguém muito especial na minha vida: MINHA MÃE. Meu carinho e meu amor a esta mulher, que não me planejou, que talvez nem tenha planejado ter uma família tão grande e que possivelmente, se eu não tivesse dado tanto trabalho no parto, eu nem seria a caçula dessa grande família. 
"Como é grande o meu amor por você"

Por San Carvalho

Ela, Dona Teresa, a minha mãe.

domingo, 6 de outubro de 2013

Publicando Isadora Carvalho.

Presenteando a mim mesma e aos meus leitores com essa graça de texto de autoria de minha filha Isadora Carvalho.
Pedi a ela permissão para postar no meu blog de tanto que gostei.


"Queria um dia 
Subir nas palavras
Modificá-las, trocá-las
Escrever outras
Colocar acentos
Ponto de exclamação
De interrogação
Final
Poder tocá-las
Compreendê-las
Trocar
Andar nelas
Deitar
Sentar
Rolar na letra Z
Escorregar no S
Pintar as letras
Enfeitar
Colar figurinhas, adesivos
E guardar uma no bolso
Sempre me pergunto
"Porque não posso fazer isso"?
 Fico em dúvida...
Hoje algo veio
Em minha cabeça
Não preciso sonhar,
Pesquisar ou criar poemas
Porque, para eu
Subir nas palavras
É só eu ir vivendo
Um dia, com certeza
A vida vai me trazer isso."

Subir nas Palavras.
Autora: Isadora Carvalho
09 anos
São José dos Campos.



Apagões Necessários para Pessoas Desnecessárias.

Um dia desses, específico, de muito trabalho e, por razões que não vêem ao caso, em um dado momento tive um aborrecimento justificável. É bom lembrar que, como boa mineira, eu não me chateio, eu me aborreço (piadinha necessária, risos).
Raramente tenho desses momentos, até porque aprendi, com o tempo e, não sem dor, que me aborrecer com assuntos que não chegam a lugar algum realmente não vale a pena e me recuso, a partir de então, a ter minhas energias sugadas desnecessariamente.
O fato é que percebo cada dia mais os minuciosos movimentos das pessoas. Traços que as fazem se mostrar sutilmente sem suas máscaras. Observo que só o convívio e longas reflexões conseguem montar suas frágeis personalidades, suas tragédias íntimas. Um quebra-cabeça singular, pouco nobre e, porque não dizer, maquiavélico. Pessoas que se perdem no que dizem, que falam com tanta segurança e certeza num minuto e no minuto seguinte já  não sustentam tanta certeza. Pessoas que se dizem realizadas, amadas, felizes, mas que constroem em torno de si um mundo de faz-de-conta e, observando bem de pertinho e em detalhes, conseguimos ver o vazio que nelas habita.
Parece triste esta constatação não acham? É sim, bem triste, mas infelizmente, mais comum do que podemos perceber a olho nu. 
Tem uma frase que sempre digo que resume meu aborrecimento naquele dia:

CLARO QUE EU ME PREOCUPO COM VOCÊ, DESDE QUE O SEU INTERESSE NÃO ARRANHE O MEU E QUE O MUNDO GIRE EM TORNO DO MEU UMBIGO. 

No fim das contas, este que parece um post amargo e triste tem como objetivo único o vômito das palavras, para que o veneno desse sentimento ruim não permaneça dentro de mim e não me mate devagar. Afinal, sou do tipo que prefere a morte instantânea. 
O resumo do dia terminou com um necessário "apagão". Para que eu não me tornasse vítima daquela situação e para que o aborrecimento do dia não virasse um monstro de 14 cabeças dentro de mim eu simplesmente dormi por 12 horas. Assim, desse jeito. Daí me veio o título do post.
Penso que, se não podemos evitar o convívio com tais pessoas temos que aprender a neutralizá-las.
Percebo que optar por sermos pacíficos e de bem com a vida nos torna pessoas mais leves e inatingíveis pela mesquinhez humana.

Este texto estava na minha gaveta de rascunhos aqui do blog. De verdade eu não sabia se iria publicá-lo. Esperei que passasse o incômodo inicial de quando o escrevi e escolhi, por acaso, a semana em que tanto lembramos São Francisco de Assis _ o Humilde_, para terminá-lo. Espero não ter carregado muito nas tintas e que, a sua leitura contribua para um aprendizado diário. Afinal, se consigo despertar qualquer sentimento no meu leitor já alcancei meu objetivo.

Paz e Bem a todos.

Por San Carvalho.