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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

De Volta a mim mesma.

Ando afastada dos meus textos, das minhas leituras. Atarefada demais com a vida cotidiana e sem muito tempo e nenhuma inspiração para escrever.
O calor que fez nos últimos dois meses me deixou exausta fisicamente e me tirou o apetite. Lamento ter sido somente o apetite para digitar, porque aquele outro, este pelo contrário, aumentou. Ganhei notáveis 8 quilos ou pior, perdi a silhueta do manequim 36. Enfim, filhas crescendo, fazendo novas trajetórias, a vida tomando novos rumos e seguindo seu curso natural.
Hoje, alguns motivos me fizeram logar no blog e voltar a escrever: os termômetros, que finalmente estão em temperaturas suportáveis; a chuva, que voltou a cair soberana e necessária lá fora e, por último e mais importante e inspirador: um certo incômodo na alma.
Passei o dia de hoje com uma tempestade dentro de mim maior que a que cai neste instante lá fora. Me sinto incomodada por não conseguir falar sobre o que sinto com as pessoas. TPM poderia simplificar a explicação, mas seria minimizar demais os sentimentos e, particularmente me sinto incomodada por não me fazer entender. 
Ocorre que, por querer ser sempre correta, eu procuro o tempo todo achar soluções para que minha felicidade não seja construída sobre a areia. Não sou mais uma jovem, que pode pensar a logo prazo e deixar as coisas acontecerem com o balançar do barco. Fui criada escutando que o que é certo é certo e não existe o tal "meio certo". Essa minha mania de ter minha vida organizada anda me deixando com um desassossego na alma.
Esse incômodo se traduz numa dificuldade de me expressar sem magoar, sem que meus argumentos causem dor ou sejam mal interpretados. Confesso que estou com dificuldade em ser escutada, talvez mais que em ser ouvida. Afinal, ouvir é fácil, escutar é complicado.
Nesse instante em que escrevo também consigo organizar meu avesso para que não se crie um monstro indestrutível dentro de mim. Escrever funciona como um organizador dos meus pensamentos e diminui minha tempestade interna. 

Falo especificamente de um momento íntimo meu, de uma vivência real e rotineira. Falo ainda de como vamos adquirindo ao longo do tempo uma certa dificuldade em lidar com o outro. Vamos perdendo a intimidade e nos distanciando do que deve ser dito, do toque, do afeto, do olho no olho, da honestidade (mais que da sinceridade). Falo do quanto nos tornamos crus e duros com quem deveríamos tratar com ternura. 
Eu, de minha parte, penso que escrever me trás de volta a humanidade que as vezes me escapa por entre os dedos. Escrever me recoloca no lugar, me faz olhar novamente a vida sem pressa e foca minha atenção no outro e por vezes, em mim mesma.

Por San Carvalho