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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

As escolhas que ela não fez

Ela o viu naquele dia. Na verdade ela não sabia bem se o vira, porque seus olhos não conseguiram acreditar que era ele. Mesmo ela o tendo seguido por minutos com o olhar entre  uma e outra mesa, era impossível acreditar, ela o vira, mas não conseguiu captar nele sua alma. Onde estava a vivacidade daquele sorriso? Devia estar no mesmo lugar onde estava o sorriso dela. Guardado, preso, sem chave, dentro de si própria. desde de que o conhecera e se afastara ela não sorria mais com a mesma espontaneidade.
Ela sorria, porque aprendeu que simpatia independe do que se vive. Se se sofre ou se se está feliz. Seu riso franco, acentuado e feliz já não brotava de seus lábios com a mesma majestade. E foi isso que também viu nele naquele dia. Seu rosto estava cinzento, nublado.
Ele não a viu. Ela ficou ali quieta entre os amigos, ouvindo-os contar de suas noites de natal e rirem uns dos outros. Nem mesmo o barulho que faziam a distraíam e seus olhos estavam-no seguindo. Impossível acreditar que o vira novamente. Pensou em se levantar e ir até ele, mas se conteve. Usou o significado de palavras dele próprio. "Melhor se conter diante de uma situação que não podemos controlar". Era uma difícil decisão não ir até ele e dizer: _ Olá! Como foi seu natal? Como tem passado? Não, não o fez. Por covardia ou por coragem, tanto faz. Vê-lo trouxe de volta a mesma sensação de vivacidade que teve quando o conheceu. Não seria justo com ambos se aproximar novamente e reacender tudo que tanto demoraram em tantas conversas para manter apagado.
Seus olhos continuaram seguindo-o pelo trajeto entre o restaurante e o elevador. Minutos que duraram uma eternidade. A porta se abriu e ele sumiu do alcance de seu olhar.  Ficou ali entre os amigos, refletindo. E se ela tivesse ido até ele? E se tudo tivesse tomado outro rumo? E se ambos não tivessem sido tão corretos? Se tivessem deixado escapar por entre os dedos seus juízos? Perguntas insensatas para respostas que não faz mais sentido procurar nem nela, nem nele. Foi assim que ambos decidiram. Era assim que tinha que ser.
Era a primeira vez que ela o via desde a última conversa em que ambos resolveram que um seria especial para o outro e seria inesquecível tudo que juntos sonharam viver. A sensibilidade e a responsabilidade dos dois não permitiu que realizassem esses sonhos. Era impossível ser feliz sem arranhar outras almas, outros corações. E foi assim que tudo teve um início e um fim sem ter tido um meio.
Dizem que a vida é feita de escolhas. Sim. A vida também é feita de não escolhas. Não escolheram estar juntos em detrimento de um sentimento que poderia ser grande o suficiente para ambos, mas muito maior se fosse vivido em sua intensidade e promoveria estragos equivalente a um grande tsunami.
Ela escolheu não ir até ele. Ela escolheu que assim tudo voltaria, aos poucos, a se acomodar dentro dela, como na sábia frase: "é no sacudir do caminhão que as abóboras se ajeitam".
Às vezes é preciso dilacerar o coração. Deixar que ele se rasgue por inteiro. Deixar o tempo passar e as cicatrizes se fecharem até que ele se reconstrua. Dói, não é fácil, mas é uma boa forma de crescer, amadurecer e entender que a vida não gira em torno do nosso próprio umbigo e que o mesmo respeito que exigimos para nós também devemos ao outro, às outras pessoas.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Soldando, reconstruindo, blindando.

Desculpem-me os transtornos...
Em fase de solda da blindagem


Em breve, nova fortaleza se reerguerá neste lugar...
           logo retornarei com meus contos e meus textos...

obrigada e bom Natal a todos.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Mais sublime que a castidade.

E quando a coisa certa a fazer é exatamente "a coisa incerta" a fazer?
E quando a sensatez trava queda de braço com a insanidade?
E quando  o café tem aroma e sabor incomparáveis, mas está em outra xícara?
E quando o maior inimigo é o juízo?
E quando o maior aliado é o juízo?
E quando o não quer ser o sim?
E quando o humano é tão grande, que fica insuportável ser desumano?
E quando o jeito de ser é incompatível com a decisão pela felicidade?
E quando a coisa certa a fazer é não fazer a "coisa certa"?
E quando o coração esteve inerte por anos e finalmente pulsa e o mais sensato é desacelerá-lo?
E quando a alma reconhece a outra alma?
E quando alguém se torna tão essencial e poderoso no pensamento que transborda pelo  sorriso, pelo olhar?
E quando é preciso manter intactos os tijolos do castelo, mas Vossa Majestade quer reinar entre os leões?
E quando as mãos ficam geladas num calor de 35 graus?
E quando se quer o que não se pode ter?
E quando dentro de todos os abraços só cabe um abraço?
E quando a música, o cheiro, o sorriso, o toque e o sabor coloriram bem colorido o momento?
E quando a vontade é de estar lá e não cá?
E quando se dá todo o tempo necessário para a poeira abaixar, mas ela insiste em permanecer ali, pairando no ar?
E quando nenhuma resposta satisfaz as perguntas?
E quando a coisa certa ou incerta a fazer é deixar o coração bater, as pernas tremerem, a barriga doer, as mãos gelarem e se entregar?



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Horas infindáveis

Sabe aquele dia que comumente acontece nos sonhos? Do tipo que você quer fazer uma coisa, mas tem que fazer outra, mesmo contra sua vontade?
Você acorda querendo continuar na cama, mas sabe que precisa estar de pé em minutos, fazer o café, porque está com visitas. Olha ao redor e quer se deitar novamente. Sua cama te chama de volta. Luta contra a preguiça e tenta se concentrar no compromisso! Mas que compromisso mesmo? Se levanta, se perde na sua organização de pensamentos. Mal consegue colocar o creme dental na escova de dentes e já ouve um barulho no portão. Alguém veio "filá" seu delicioso café. E quem disse que você consegue saber que roupa colocar para atender ao desavisado e inesperado visitante? você dá uma olhada em si mesma e no espelho. Descobre que dormiu com seu short de cotton curtíssimo e que está com uma camiseta velha, daquelas que você coloca para dormir depois de um dia cheio e que achou rapidamente no armário. Então você aperta o botão "F", afinal quem vem te ver as 9h da madrugada não espera encontrar uma princesa levemente adormecida e com maquiagem impecável. Casa cheia e você só pensa na sua cama, enquanto termina o café.
Detalhe: como no sonho, você não consegue terminar nada que começa, exceto o café e pessoas falam ao seu redor, todas ao mesmo tempo: _ Vamos almoçar aqui ou na sua irmã? Sabe onde é o lugar que seu irmão costuma ir aos domingos de manhã? Mãe, vai dar tempo de irmos na festa da filha da sua amiga? _. E você ali, prevendo o dia que vem pela frente. Não teve tempo para seu banho matinal. Não deu uma olhada nas principais notícias do dia ou da semana. Não passou os olhos no seu programa de TV favorito, talvez o único do domingo. Não respondeu aos recados da rede social. Não terminou a conversa que começou dias antes com um amigo por e-mail.
Quem se importa se você teve uma semana cheia, que está com tanto trabalho acumulado e que talvez nem tenha tempo para almoçar nos próximos dias? Hoje. Hoje precisam de você. Querem você inteira, sem sono, sem preguiça, com disposição para cozinhar, para sorrir, para ser boa anfitriã, boa amiga, boa filha, boa irmã, boa mãe, boa, boa, boa... Definitivamente, não é um sonho.  É um daqueles dias, no qual nada sai planejado, nada sai dentro do possível e nada sai conforme você espera. O dia vai seguindo seu curso. Horas que duram infinitamente. No meio do dia você se entrega, tira um ou dois cochilos no sofá. Ah! Como no sonho, você tenta acordar para não sonhar o mesmo sonho, mas é real, é de verdade, não adianta acordar. Mais infinitas e infindáveis horas se passam. Você finalmente consegue ficar no aconchego do seu lar. De volta à rotina tão costumeira e reconfortante. Um telefonema! Uma amiga, ansiosa para uma conversa. Lá fora uma tempestade se arma. A amiga chega. Outra visita inesperada, agora acompanhada de uma pizza, que, ao contrário, trouxe relaxamento. Você, que já se imaginava sem energia alguma, renasce. Coisa de quem tem afeto demais sobrando. Uma boa conversa. Amenidades, desabafos, risos, lembranças. Um fim de noite, ainda com horas infindáveis, mas com saldo altamente positivo.  Ainda sobrou tempo para escrever esse texto e dormir, agora em comum acordo com a confortável e companheira cama.
San Carvalho