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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ao meu amado pai. E a saudade hein!


Eu nunca vou poder transcrever em palavras tudo o que o seu olhar me dizia. Tudo o que o seu rabo de olho me ensinava. O tanto que sua risada franca, aberta, sem receio me acolhia. O tanto de bom que era estar entre você e seus amigos tão costumeiros frequentadores de nossa casa e que acabavam por se tornarem um pouco nossos irmãos, porque consideravam você um exemplo, um homem de bem, de sabedoria e de generosidade. Era tão bom estar por perto quando todos riam com você e de você, pelo seu jeito sério de contar  piadas e pequenas mentiras. Sabia que você fazia isto pelo simples motivo de manter quem estivesse por perto aconchegado, distraído, pois assim não viam o tempo passar e não teriam pressa de ir embora. Como eu queria ter herdado esse seu  carisma e essa sua disposição!
Tempo ruim? Não, não havia. Tardar de hora? Não, não havia. Nunca era tarde demais ou cedo demais, ou fora de hora demais para atender um amigo, um conhecido, um parente ou mesmo um forasteiro na cidade.
Generosidade. Se me pedissem para definir você, meu pai, em uma única palavra seria esta: generosidade.
Hoje me deu saudade, como costumeiro, mas me deu vontade de escrever pra ti. Eu achava que não conseguiria, porque falar de você é sempre falar pouco, tão pouco! Pelo tanto que você era. Pai amoroso, avô inventa-moda e estraga-apetite. Amigo de todas as horas. Irmão impecável. Com você aprendi a gostar de futebol. Acho que todos nós lá em casa, do mais velho ao mais novo; Filhos e netos. Todos aprendemos o amor pelo futebol,  porque era muito gostoso sentar ao seu lado e escutar no rádio de pilha ou mesmo, anos mais tarde, assistir, ainda na TV em preto e branco, e ouvir os seus comentários. Ainda hoje me pego prestando atenção à TV toda vez que sua Estrela Solitária entra em campo, apesar de ter outro time de coração.
Era bom demais ficar do seu lado sentindo seu cheiro: cheiro de terra, cheiro de uma pessoa que parecia sempre recém chegada da lavoura e ali, do seu lado mantinha seu chapéu. Hoje entendo porquê. Era porque sempre poderia ser chamado a ajudar alguém às pressas e o companheiro inseparável (chapéu) estava ao alcance das mãos.
Eu tenho tantas lembranças de ti meu pai! Muitas. Não vou conseguir escrever sobre todas, porque são inúmeras, mas lembro bem de tê-lo visto chorar, porque era um homem com sentimentos à flor da pele. Chorava com a facilidade de uma criança e ria com a mesma facilidade. Lembro de sua única frase para mim quando resolvi morar distante de você: "vai sim fiota, mas cuidado! lembra que lá não é a nossa terra." E se, poucas bobagens eu fiz nessa vida foi pela lembrança grata dessa curta frase. Não lembro, no entanto, de ter ouvido de sua boca uma única vez: estou cansado. Nunca, nunca ouvi você dizer que estava cansado demais para um filho, ou para um neto, ou para um irmão, ou para um amigo. Você tinha uma energia que a mim me causa inveja. Isso eu também queria ter herdado de ti caro e saudoso pai. Em nome de toda a nossa família: minha saudade, minha admiração, meu respeito e minhas orações MEU QUERIDO, MEU VELHO, MEU AMIGO.

Lembro do dia em que cantei essa canção numa apresentação. Eu devia ter uns 9 anos:

"Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo. Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo e esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo, já correram tanto na vida. Meu querido, meu velho, meu amigo.
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo. Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento. Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo. Me calando fundo na alma. Meu querido, meu velho, meu amigo.
Seu passado vive presente nas experiências contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida. Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina. Beijo suas mãos e lhe digo: Meu querido, meu velho, meu amigo.
Eu já lhe falei de tudo, Mas tudo isso é pouco diante do que sinto. Olhando seus cabelos, tão bonitos, beijo suas mãos e digo: meu querido, meu velho, meu amigo."

Por
San Carvalho


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