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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um desfibrilador, por favor!

Ela tem sentido o seu coração esvaziado de dor e de amor. Não, mentira. Não tem nem ao menos sentido seu coração. Será que ele não está batendo mais e ela nem percebe? Que distraída!
Calma! Não chamem nenhum especialista, nem do músculo, nem da área da psiquiatria. Ela não anda com dores no peito e tampouco deprimida. Continua sentindo a vida em seus aromas, em suas cores, em sua singularidade. Se mantêm capaz dos erros e dos acertos. Permanece admirando os detalhes e encontrando neles motivos para achar o dia mais alegre. Ainda se diverte com os amigos. Continua sendo uma razoável mãe, sempre presente, na medida do possível e, muitas vezes, do impossível. Ainda é capaz, como diria o poeta, de colocar a sua dor no bolso para cuidar da do outro. Traz consigo o conselho, o afago e abraço amigo, aos amigos, aos familiares, aos que dela precisam escutar um bom dia ou um simples olho no olho. É mulher de grande fé e isso a faz ter a certeza que a alma está em alguma outra parte dela, à parte do coração. Porque a fé, grandiosa, inquestionável, essa ela não perdeu. 
Então, porque será que tem seu coração tão endurecido? Tão racionalmente impossibilitado de deixar entrar o deslumbramento, a inquietude, a euforia? Não sente-o palpitar, tremular, nem ao menos sente-o disparar. 
Não, não é caso para médicos. Pode ser sim caso para arrombadores. Daqueles que possuem ferramentas especiais para abrir qualquer coisa: carros, portas, cofres. Sim, cofres. Isto. Ela vai buscar um especialista em abertura de cofres. E rezar para que seu coração não tenha se escondido atrás de uma blindagem tão impenetrável como titânio e que a senha de abertura não esteja em código digital.
Ah! Esse músculo, tão vital, tão intenso e tão perdido dentro desse corpo!
Acima de tudo existe nela a consciência que é um momento raro e passageiro. Que, em breve ela voltará a sentir seu coração bater forte, acelerar e depois quase parar. Porque razão? Isto ela ainda não sabe.
O que ela sabe e sabe bem é que mais dia, menos dia haverá um desfibrilador fazendo voltar a sensibilidade dentro de uma mulher tão cheia de vida.

Por

San Carvalho



3 comentários:

Anônimo disse...

Sim. Um desfibrilador. Boa imagem para sentimentos simples que atropelam a gente. Está feito: é só a maturidade desejando com a bagagem que tem. Que venja, que surja!

Anônimo disse...

Que venha!

Unknown disse...

Maturidade. Pode ser. A personagem não me veio à mente com essa força chamada maturidade, mas é um texto livre às interpretações. É bom saber que existem várias versões de interpretação para meus contos.

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