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domingo, 20 de novembro de 2011

Aos meus amigos

Quando eu era criança até a pré-adolescência e algo acontecia, fosse um acontecimento bom, muito bom, ruim, ou simplesmente incômodo eu tinha o hábito de escrever. Não era bem um diário, porque nunca tive disciplina suficiente para diários. Hoje em dia têm por aí os tais blog´s (bem se vê que escrevi este texto faz tempo). É, mas embora esteja em contato diariamente com essas máquinas, ainda sou bastante resistente com os novos tempos, até porque tenho uma predisposição incrível a ser uma mulher “retrô” e gosto disso em mim. Conserva minhas raízes interioranas, da roça messs sabe!
Hoje não mantenho mais esse hábito, talvez pela correria do dia a dia, ou talvez pelo talento que tenho para a preguiça e, com o tempo descobri que não há necessidade de escrever quando se tem um bom amigo próximo disposto a ouvir. Um dia desses uma grande amiga me disse exatamente isso: “se tens algo a dizer, seja lá o que for, diga, “vomite”, porque muitas causas de enfermidades vocais (foi mais ou menos isso que ela disse) estão ligadas ao fato de não se conseguir falar o que se tem guardado, doidinho para sair. Enfim, não foi para falar de enfermidades, nem de minha infância que resolvi escrever. Foi para falar de acolhimento, amizade, amor e, principalmente de relações humanas. Como tenho verdadeira paixão por crônicas, diga-se: as bem escritas, tinha que iniciar esse texto de forma que ele acabasse se assemelhando (aí entra minha “modéstia”) com uma “humilde” crônica. Me conhecendo bem, demais da conta até, acho mesmo é que isso vai virar é um falatório só. Então vamos ao que interessa:

Café, Conversa e Carinho .
Um dia desses visitando a casa de amigos muito queridos, amados mesmo!!! Uma família que me acolheu como se eu fosse um dos seus. Pois bem, durante a visita observei o quanto pude aprender e, porque não dizer, ensinar também a alguns membros, digo “alguns membros”, porque naquela família existem pessoas tão sábias que seria muita pretensão minha achar que teria algo a ensinar a elas. Foi uma visita curta, mas duradoura o suficiente para observar o quanto muita coisa nessa vida é só uma questão de aprendizado (desde que, é claro, estejamos abertos a isso), como me ensinou uma outra grande amiga. O mais engraçado é que nesse exato momento utilizo-me muito desse recurso. Aquilo que não sei, procuro saber, aquilo que não entendo, procuro entender e assim vou tentando aprender de tudo um pouco, mesmo que não tenha organização de idéias, nem de vida para detectar se está dando certo. O importante é continuar girando a maravilhosa manivela da vida. Óbvio que ficar acomodado é sempre mais confortável, mas se vale um conselho, mesmo aos mais resistentes e céticos: o resultado é tão bom que vale a pena tentar modificar, mesmo que por pouco tempo, o modo de vida e/ou de pensar só pra experimentar a sensação e não se arrepender de não ter tentado.
Eu estava ali naquela casa tão familiar, existia na atmosfera um clima de acolhimento tão intenso que não dava vontade de me despedir. Essas pessoas são pessoas simples, simples como eu, de vida e hábitos simples. Gente com quem faço questão absoluta de compartilhar meu carinho, meu amor, meu afeto, minha vida. Gosto, reconheci já um tantinho tarde o quanto gosto de pessoas assim! Pessoas que se sentam à mesa comigo, me oferecem a garrafa de café e não se importam com a quantidade de vezes que a abro e fecho para me servir. Não se preocupam se o visitante está incomodado com qualquer objeto fora do lugar ou se a arrumação da casa está em dia. Durante o tempo em que ali estive falamos de família, saúde, saudade, espiritualidade e ora sim, ora não, de futilidades também, porque não?!! É esse o direito que se conquista quando se faz amigos do tipo AMIGO de verdade, com quem podemos contar na hora da dor, na hora do riso e na hora do ócio também. Posso adiantar que saí desse encontro renovada em minhas energias.
A acolhida

Um dos membros dessa família me deixou surpresa pela receptividade carinhosa com que me acolheu, o que não seria habitual de sua personalidade em outros tempos. Me recebeu com um semi-abraço (perfeitamente compreensível). Me deu um beijo fraterno e me convidou a sentar enquanto preparou um café (bebida a qual sabe ser minha predileta). Me disse que tem feito isto com frequência aos familiares, pois aprendeu comigo que receber gente querida com uma mesa posta também é uma forma de carinho, no que concordo plenamente, pois minha própria chegada surpresa àquela casa foi um gesto de carinho de minha parte. Afinal, carinho não é só afago, são gestos e atitudes que visam o bem-estar do outro. (Parece tão óbvio, mas acredite, tem gente que nem imagina do que estou falando). Ouso discordar desse meu “amigo” somente no ponto em que ele diz ter aprendido comigo. Não, não foi comigo. Foi com sua vontade evoluir observando uma família, no caso a minha, onde havia muito empenho e necessidade de se ter um lar com harmonia e paz. Nesses momentos sei que ele sentiu o Espírito Santo presente entre nós. No convívio com minha família ele também observou muitos movimentos, assim como todas as outras rotinas domésticas. Percebeu ainda que as relações humanas são complexas e que as pessoas são falhas, em alguns momentos deixando nus defeitos não muito agradáveis, como por exemplo: meu temperamento não muito fácil.

Pequenos Grandes Gestos
(Esse poderia se chamar “Fazendo Fofoca”)

Contrariando, mas não discordando de Mário Quintana:
  • visita surpresa regada a café, carinho e conversa com amigos não pesa com a presença.
  • Receber flores colhidas do próprio jardim de gente até então estranhas e que gostam da gente de graça, sem esperar nada em troca, esperando somente que com esse gesto de carinho a natureza faça sua parte retribuindo com a renovação das roseiras.
  • (Ainda a pouco falei de amigos que te acolhem sem se importar se você vai reparar na arrumação da casa.) Amigos também estão nos esperando para uma prosa com chinelos de dedos e meias nos pés, sabendo que isso pra você não faz a menor diferença, que o que importa mesmo é o abraço fraterno.
  • E o carinho de improvisar? Um delicioso alimento com tomate e um molho que ainda não tem um nome (precisamos patentear), porque de repente se descobriu que a amiga recém adquirida é uma fresca e não come o camarão, nem mesmo o lombo que já estão todinhos preparados para o jantar (que Deus não os faça se arrependerem). Fala sério! É ou não é um incrível “pequeno grande gesto”!
  • E o presente de aniversário que chega uma semana depois? Deixando os amigos sem-graça e angustiados pela demora, mas que quando chega vem personalizado com um belo e cheirosos entregador! Fora que o presente foi muito bem escolhido pelo amigo mais “modesto” de todos!
  • Tem a noite com roda de música em Campos do Jordão, que segue em claro em volta da lareira, com choro, risos e bobagens (nesse caso um sempre falando mais que o outro) e termina amanhecendo com um frio desgramado de 5 graus.
  • Posso ainda contar de uma pizza num sábado à noite e de um bolo “comprado” e feito a quatro mãos, tomando uma taça de vinho (até não tão saboroso!) comprado com tanto carinho e principalmente pela beleza roxa do invólucro da rolha. Ver e rever fotos que contam uma história de vida e ainda encerrar esta leve e saborosa noite recebendo um elogio ao seu cabelo e um beijo (não de graça) de uma figura totalmente fora do contexto.
  • Tem também a aterrizagem de pantufa, pijama e bagagens genéticas à meia noite (ou quase isso), com uma panela de sopa fervente no portão só para olhar alguém nos olhos e ter a certeza de que ela está mesmo bem.
  • Não esquecendo nunca das singelas mensagens de texto via celulares.
  • E a entrega de pequenos bilhetes interrompendo o trabalho? Ou chegar ao trabalho com um post-it escrito “boas vindas” ou “eu te adoro” ou ainda “você é especial”.
Me perdoe Martha Medeiros e Quintana, mas ao contrário, isso não pesa, não incomoda, isso eleva a alma e nos causa um bem-estar que até dói.

É desnecessário dizer, mas já que estou “me achando” digo: não sou tudo isso, meus amigos não são tudo isso, o ser humano não é tudo isso. Já disse antes que muitas coisas na vida é uma questão de aprendizado. Temos a escolha de querer aprender, de nos lapidar e de ficarmos um tantinho melhores. Sabe de uma coisa? Esses pequenos grandes gestos, assim, em pequenas doses são atitudes nobres e perfeitamente cabíveis para se conquistar ou reconquistar gente querida. São atitudes assim que eu entendo como Delicadeza de Deus. É Ele se fazendo presente em nossas vidas, com a certeza que nos tornaremos melhores do que somos.
Em tempo: Me perdoe alguns amigos que aqui não identificaram seus momentos de carinho comigo, mas minha memória de peixe de aquário me impede de lembrar de todos, o que é, de certa forma, saudável, porque tornaria este texto interminável. Aos que se identificaram com algum destes gestos não preciso mais dizer o quanto me sinto honrada pelo acréscimo de cada um na minha vida. Eles, um por um, sabem o quanto os amo e o quanto sou grata por tê-los em minha vida.


San Carvalho.
junho/2010.

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