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domingo, 20 de novembro de 2011

Cotidiano

Rostos na multidão, vidas peculiares, sofrimentos singulares.

Faz tempo que não ando inspirada para escrever. É meu talento para a preguiça falando mais alto que minha vontade pouco talentosa para a escrita. O fato é que hoje quando vinha para casa, olhando a cidade, observando as pessoas no trânsito, as músicas tocadas nos seus carros (inclua-se aí o meu), percebendo gente com vidas que no fim das contas só querem chegar em suas casas, seguir suas rotinas domésticas. Alguns pensando em relaxar, abrir uma cerveja, outros pensando na segunda jornada, com filhos, maridos, família, outros ainda com o pensamento em ter que chegar e sair novamente para estudar, cuidar de sua formação, sua graduação, suas pós, ou qualquer outro curso que tenha planejado e esteja fazendo.
Na verdade a inspiração veio do barulho, tanto das melodias dos carros, como dos ruídos de tudo o que havia em volta, das caretas que um ou outro fazia. Pensei em cada uma daquelas pessoas, do quanto suas vidas lhes é singular, do quanto cada uma delas (inclua-se novamente eu) se acham o centro do universo, mas que na verdade, de verdade mesmo, nem pensamos, nem paramos para refletir, nem estamos afim de fato de sabermos que existe vida além dos milímetros que separa nossas peles do mundo lá fora. O que esse pequeno percusso do trabalho até minha casa me fez pensar, nossa! como eu penso! Como diria uma certa Emília, de um famoso escritor, quando penso, penso bem pensado!!! Bem, não me desviando muito do assunto, embora isso me seja quase impossível, fiquei imaginado o que cada uma daquelas caras e caretas queriam sinalizar. Me ocorreu que nos dias atuais tudo está muito desconfigurado. Houve um tempo em que as pessoas riam e sorriam mais. O sofrimento nas faces está cada dia mais óbvio, mais cristalizado, como se fosse parte do corpo, como se fosse um órgão a mais recém-adquirido. Como as pessoas, mesmo aquelas de aparência mais favorecida estão transparentes e tristes! Rostos expressando uma dor que não se sabe, talvez nem mesmo elas, de onde vem. Olhares distantes, na linha do horizonte, exagero né, mas não é. Basta observar com calma. Olhar a vida sem pressa, como disse um escritor um dia desses, e veremos. Este mesmo escritor disse também em outra oportunidade mais ou menos assim: “quando o sofrimento bate à sua porta, deixe-o entrar. Deixe que ele venha ao seu encontro, porque somente quando nos encontramos com ele, o encaramos de frente é que teremos a oportunidade de o colocarmos para fora de nossas casas e de nossas vidas”. Eu, enquanto observava as tais cenas cotidianas lembrei dessa fala e pude concluir o que eu realmente penso sobre SOFRIMENTO. Gente, sofrimento é altamente positivo, quando não nos colocamos na posição vitimizada, quando não corremos para o colo da mamãe, do papai ou de quem quer que seja para chorar rios de lágrimas. Choremos sim, mas o necessário para lavar e finalmente elevar a alma. Sejamos capaz de frente para o “todo poderoso sofrimento”, assim mesmo, tete-a-tete, olho no olho, cartas na mesa e, quando fazemos isso temos não só a oportunidade de crescermos, de amadurecermos, de evoluirmos, mas de percebermos que somos mais, somos maiores que o motivo. Ouso dizer que, se dispostos e encorajados, reduzimos a pó o que até aquele momento era um monstro, dos mais horríveis, ANO/MODELO noturno, sabe? Do tipo que nos atormenta.
É claro que não estou dizendo que nada mais na vida nos causará dor, que nada nos abalará. Imagina! Se somos possuidores de almas, claro! É natural que passemos por muitos percalços ao longo de nossa existência, mas fica tudo muito mais fácil se não dermos o nº 38 ao manequim tamanho 44.
Agora a pergunta que não quer calar: o kiko? (inevitável usar meu humor apimentado e semi-negro). De minha parte o que tenho com isso, com as pessoas, os rostos angustiados numa cidade de 600 mil habitantes? Bem, de fato nada. Somente a possibilidade de manifestar a inquietação que há dentro de minha mente observadora e de meu coração humanizado. Um jeito de ser considerado por muita gente sonhador e cafona. É esse meu jeito de ser que tem com isso o fato de não querer passar desapercebido pelas pessoas, sem notar um cotidiano cada vez mais entristecido, sem humor, sem tantas esperanças como nos meus tempos de criança.

San Carvalho.
Novembro/2010


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