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domingo, 20 de novembro de 2011

Tipo de Gente

Quando existe uma inquietação dentro de mim eu preciso escrever para me organizar e tentar descobrir porque estou incomodada. Isto é fato.
Há uns anos atrás acompanhei um amigo em um culto na Sinagoga. Embora católica, me senti muito acolhida naquele lugar e logo percebi ali a presença de Deus. Ok. Até aí tudo perfeito. Me sentei confortavelmente numa das poltronas. Participei ativamente do louvor, que foi uma das partes mais agradáveis da cerimônia. Resolvi ficar para assistir a pregação, que na ocasião era presidida por uma Pastora (não me recordo o nome). Foi aí que comecei, como observadora que sou, a prestar atenção e a me sentir incomodada com o discurso. Era envolvente, fundamentado, mas tinha um porém. Dentro do contexto ela resolveu citar os homossexuais e em vários momentos se referia a eles como “tipo de gente”. Preciso ser honesta e acrescentar que em nenhum momento ela opinou negativamente sobre o assunto. Continuei prestando atenção, mas já me sentindo sentar sobre percevejos numa poltrona tão confortável. Esperei com paciência o fim do culto, paciência esta que hoje em dia é muito mais elástica que uns anos atrás. Saí dali pensando no que tinha ouvido e remoendo as palavras. Elas entravam e saiam, entravam e saiam. Pensei: porque será que não consigo digerir o que foi dito? Não formei nenhuma opinião a respeito, até porque eu tinha ido aquele lugar como ouvinte e achava que em respeito ao local e ao acolhimento tão caloroso a mim dirigido não deveria me manifestar sobre o assunto com meu amigo.
É claro que foi naquele dia que o assunto me causou provocação, mas não necessariamente porque estava dentro do contexto de um discurso protestante. Essa não digestão poderia ter acontecido durante uma homilia católica ou mesmo assistindo a uma palestra de um formador de opinião das mídias eletrônicas ou impressas. A questão não foi o lugar e sim o desarranjo que se instalou em mim.
Mais recentemente, conversando com um colega de trabalho acabamos entrando numa discussão parecida, em que ele me explicava a respeito de sua posição em escolher com quem prefere ou gosta de conviver (deve ter sido mais ou menos esse o tema). Novamente chegamos a conversa antiga sobre tipo de gente. Aí se esclareceu definitivamente dentro de mim a inquietação que senti naquele dia, anos atrás sobre o discurso na Sinagoga.
Eu, Sandra, não organizo as pessoas e as catalogo por tipo de gente. Afinal eu também sou um tipo de gente. Sou um tipo de gente que gosta de ter amigos, que gosta de futebol e não gosta de brigadeiro, que não come carne porque me faz vomitar, que acorda tarde por preguiça ou que acorda cedo porque tem uma rotina diária a cumprir, que gosta do abraço, que acha difícil, doloroso e ao mesmo tempo maravilhoso ser mãe, que percebe (não sei se sensitivamente ou por preconceito assumido) aquele que não serve para estar ao meu lado. Que olha a vida sem pressa e as pessoas também. Sou um tipo de gente que enxerga as situações sempre sob dois ângulos ou mais. Sim, porque há sempre um contexto que envolve essas situações e conclusões apressadas podem levar ao erro. Sou um tipo de gente que também erra, também tira conclusões apressadas, mas que me percebo e tomo a atitude de rever. Sou um tipo de gente que me permito admitir ter me enganado e revejo também que determinada pessoa não é exatamente o tipo de gente que combina com o meu jeito de ser gente. È óbvio que todos temos o direito de escolher com quem nos relacionamos e cada um tem o seu ponto de vista sobre o outro. Não estou aqui para ditar regras. Escrevo para extravasar minha inquietação
Gente! pessoas são pessoas (eu e você, que está me lendo) e por si são cada um o seu tipo de gente. Aquele que lhes convêm ser, ou pelo meio em que vivem, ou pelas escolhas que fizeram, ou até por questões alheias a meu entendimento. Como cristã, acredito que Jesus também era um “tipo de gente” e não acho que Ele era bom, permissivo. Ele era sim um Homem justo. Então, pensando a respeito daquele culto e de minha conversa fiada com meu colega num momento de ócio eu chego a seguinte conclusão: a mim é muito incômodo pensar nas pessoas como tipo de gente (essa expressão ainda me remete a uma confortável, mas espinhosa poltrona). Prefiro observar as pessoas e ir formando minha opinião pessoal e intransferível sobre cada uma delas e assim me adaptando ao ser humano que me cerca, cada um com sua singularidade.

Por San carvalho
Setembro/2011

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