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domingo, 20 de novembro de 2011

Instabilidade Emocional

Um dia desses estava lendo algo sobre instabilidade emocional e sobre como as pessoas que possuem essa característica são incompletas, incapazes de amar e, porque não dizer, infelizes. Fiquei pensando: que coisa cruel, capaz de atingir tão avassaladoramente não só o indivíduo, mas irradia, respinga em todos que estejam à sua volta, provocando um rastro de angústias e dores. Não que eu domine o assunto e talvez por esta razão existem tantos consultórios de psicologia cheios e tantos livros de auto-ajuda deixando escritores no top-ten dos mais lidos.

Confesso que não me aprofundei na pesquisa, porque de certa forma esse assunto mexe comigo no sentido pessoal. Quem nunca passou por algum relacionamento, seja afetivo, profissional ou de outra ordem que ficou mal resolvido, muitas vezes porque uma das partes não era suficientemente madura para, de verdade, compor este relacionamento? Como diz muito bem um dos livros de Marcelo Puglia: “Me apaixonei por um idiota”. Claro que sim! Eu já. E o fato de admitir isso não me faz assinar recibo de otária, pelo contrário, me torna mais consciente de minhas fragilidades e possibilidades de erro. Príncipe Charles, futuro rei da Inglaterra está aí para nos esfregar na cara a escolha feita a favor do sapo e não da princesa (deixo aqui registrado meu respeito e admiração pessoal e por todos os projetos sociais e humanitários nos quais estava envolvida a falecida princesa), mas convenhamos, sendo Vossa Alteza emocionalmente instável estava na cara que não daria conta de um casamento com um ser humano tão complexo, sobrecarregado de responsabilidades, cheio de angústias e sufocado pelo preconceito, como de fato era Lady Dayane. Angústia vinda do próprio tormento de ser uma princesa plebeia e da imaturidade de Charles em não assumir um amor que já existia antes mesmo dela entrar em cena. Tendo vivido nos tempos atuais alguns autores consagrados como Camilo Castelo Branco talvez nem fossem assim tão consagrados, visto que o AMOR DE PERDIÇÃO estava aos nossos olhos no horário nobre do Jornal Nacional.

Deveria haver uma disciplina no colégio em que se ensinasse, no sentido mais pedagógico possível, a não dar corda a quem não consegue nem fazer um nó nela para se enforcar. Talvez fosse preciso um mestre ou um doutor especializado no assunto, porque um simples educador talvez não desse conta da matéria. Deveriam ensinar que, haverá inevitavelmente ao longo de nossa vida, sempre um fulano com um tom embargado na voz e com total capacidade e competência de olhar direto nos seus olhos e dizer: eu te amo. você é a mulher e/ou homem da minha vida. Não consigo entender minha vida sem você. Quero fazer diferente dessa vez. Quero preencher todo o espaço que há para suprir sua carência, seus desejos (como se a gente precisasse mesmo de alguém para fazer isto!). Enfim, o cara-de-pau é tão convincente, que não se consegue falar um simples “não, não quero mais isso para mim, encerrei, já deu, passei do meu limite com você, vou fazer a fila andar, porque você já virou personagem de uma novela para assistir no Vale a Pena Ver de Novo.”

O tempo vai passando, a ficha demorando para cair, afinal esses indivíduos são teatrais, atores de primeiro escalão, dignos de ganhar um Oscar, nada canastrões. Pessoas assim amam tanto a si mesmo, ao ponto de, se possível fosse, transar consigo próprio. Como então vai ter espaço na sua vida para amar a mais alguém? Eles nem sequer tomam conhecimento da existência de outras pessoas no mundo! Pessoas feitas da mesma matéria. É triste a constatação, talvez até cruel e radical demais, mas o mundo está cheio desses fulanos.

O importante mesmo é que chega o dia em finalmente a ficha cai e cai com todo o peso junto, com todas as mentiras, com todas as embromações, com todas a falsas caras e bocas e falsas lágrimas. O pano do teatro desce e por traz da cortina sobra somente e solitariamente o ator, sem os poderes de super-herói tão envolventes e sedutores que domina o outro. Pronto, acabou mais uma história. Não sem arranhões, sem respingos, mas a parte madura sobrevive, se recupera, renasce das cinzas e segue em frente.

Quanto ao indivíduo, ao fulano, aquele incapaz de amadurecer. Bem, esse também segue para uma próxima jornada em torno do seu próprio umbigo fazendo aqui e ali mais uma vítima desavisada ou avisada, mas carente, que só será mais uma bela presa, um troféu no extenso cardápio, já condenada a viver o papel de coadjuvante em mais uma história da princesa e plebeu, ou da dama e o vagabundo, enfim. É sério gente, como dizem por aí: “ninguém passa pelo outro as amarguras que ele tem que passar não é?

Lamentavelmente, a toda esta inconstância emocional só posso render minha compaixão. Ah sim, e talvez esperar pela descoberta de uma vacina.

San Carvalho

Dezembro/2010.


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