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terça-feira, 23 de abril de 2013

O gosto que tenho da vida.

O gosto que tenho da vida tem cheiro de eucalipto de minha infância na fazenda de café onde nasci. Das goiabeiras, onde eu me pendurava e brincava de voar num balanço de corda e madeira. Da roda noturna em torno da fogueira onde se contavam os "causos". Das lamparinas que usávamos para atrair o brilho intenso dos vaga-lumes e brincar de ter as estrelas mais próximas de nós.

O gosto que tenho da vida é a memória fotográfica do sorriso do meu pai. Do cheiro que ele tinha. Dos momentos que ele se dedicava a cortar toda a cana-de-açúcar em pequenos gomos ou descascar todas as laranjas num gesto de carinho absoluto, para que os filhos pequenos pudessem se deliciar junto dele o sabor da sua presença. 


O gosto que tenho da vida é falar toda semana ao telefone com minha mãe e sentir que ela ainda se preocupa comigo como se eu fosse a filha caçula de 14 anos que a privou de viver junto dela a adolescência (eu bem acho que ela ainda me vê com 14) e saber que mesmo de longe ela está sempre comigo no pensamento.


O gosto que tenho da vida tem sabor de torta de limão, goiabada com queijo, doce de leite caseiro.

O gosto que tenho da vida é de bolinho de bacalhau na roda de amigos que riem e falam todos ao mesmo tempo. Eu ali, prestando atenção a tudo e a todos e registrando todos os pormenores.  Coisa de cérebro treinado para a abstração e para a atenção.

O gosto que tenho da vida são os amigos que tenho, os amigos de infância, os amigos do colégio, os amigos da faculdade e os amigos que ainda passarão por mim.

O gosto que tenho da vida é o de ser simples e ter orgulho de minha simplicidade e dessa forma conquistar as pessoas pelo que sou. Afinal de contas o SER para mim é mais importante que o TER.

O gosto que tenho da vida é o de ser mãe. Sentimento que de tão grande chega a doer na gente. Não cabe dentro do peito e transborda pelos olhos, pela boca e sobretudo pelo coração. É o de ver minhas crias crescendo, cada uma com seu jeito peculiar e cristalizando suas personalidades. Crescendo, mas sobretudo amigas, companheiras, parceiras, boa gente. Que orgulho eu tenho de ter filhas como elas!

O gosto que tenho da vida é acordar sentindo cheiro de café coado na hora e sentir um aconchego que encanta, embala e me faz sentir em casa.

O gosto que tenho da vida é rever gente querida, como a minha família, que se espalhou pelo mundo e com a vida corrida não se reúne mais. É ter a oportunidade de estar com cada um deles, mesmo que separadamente e saber que distantes somos sangue do mesmo sangue e sempre poderemos contar uns com os outros.

Enfim..
O gosto que tenho da vida é acreditar nos bons sentimentos. É acreditar na possibilidade de amar, de ser amada, ainda que isto me assuste. É acreditar na lealdade das pessoas. É viver o presente, dia após dia, sem querer logo que chegue a sexta feira, porque o dia de hoje é o que me faz intensa, cordial, amiga e porque não dizer: feliz.
Ah, como é saboroso o gosto que tenho da vida!

Por San Carvalho


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